Horas depois de ser incluído na lista de sanções do governo dos Estados Unidos por violações de direitos humanos, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), apareceu sorridente na Neo Química Arena, em São Paulo, para assistir ao clássico entre Corinthians e Palmeiras, pelas oitavas de final da Copa do Brasil, na quarta-feira (30). Ignorando o escândalo internacional em torno de seu nome, o ministro acenou para o público e ainda respondeu com um gesto obsceno de dedo médio, uma reação no mínimo controversa para alguém que ocupa uma das mais altas cortes do país.
Acompanhado da esposa, Moraes foi flagrado por torcedores e também pela transmissão da Amazon Prime, onde o narrador Galvão Bueno comentou: “Ele está ali como torcedor. Tem todo o direito de estar ali como torcedor”. A fala, embora diplomática, soou como um aceno ao constrangimento que a situação impôs ao país. Afinal, não é todo dia que um ministro do STF é sancionado sob uma lei internacional criada para punir ditadores e oligarcas acusados de crimes graves.
A sanção foi aplicada com base na Lei Magnitsky, usada pelos EUA para congelar bens e proibir a entrada de indivíduos acusados de corrupção ou violações de direitos humanos. Além de Moraes, outros sete ministros do STF e o procurador-geral da República, Paulo Gonet, também tiveram os vistos americanos revogados, numa decisão que acirra tensões diplomáticas e mancha a imagem institucional do Judiciário brasileiro no exterior.
Mesmo diante da gravidade do episódio, Moraes não demonstrou qualquer preocupação pública, preferindo vibrar por seu time do coração e responder às críticas com um gesto obsceno, como se a democracia fosse um jogo onde ele dita as regras. O STF, por sua vez, se apressou em sair em defesa do ministro, classificando as sanções como “inaceitáveis” e “afronta à soberania brasileira”. Para muitos, no entanto, a verdadeira afronta talvez esteja dentro do próprio estádio, ou melhor, dentro do próprio tribunal.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper