O setor leiteiro do Rio Grande do Sul vive um momento de preocupação para produtores e entidades representativas. A Associação dos Criadores de Gado Holandês do Rio Grande do Sul (Gadolando) alerta para a gravidade da situação e cobra medidas urgentes das autoridades. Para o presidente da entidade, Marcos Tang, a crise é consequência direta da falta de controle sobre importações e da ausência de políticas efetivas de proteção ao produtor nacional.
“Estamos vendo produtores abandonando a atividade, e isso tem um custo social e econômico altíssimo para todo o país”, afirma Tang. Segundo ele, a entidade já alertava há três anos para o risco de colapso, utilizando uma faixa de luto com a mensagem de que estavam “matando o produtor de leite”.
Um dos principais problemas apontados é a entrada descontrolada de produtos importados, especialmente o leite em pó usado por indústrias para fabricar derivados. “Essa competição desleal gera prejuízos enormes para o produtor local. É preciso um freio urgente para isso”, ressalta Tang.
Apesar de esforços de entidades como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Tang destaca que os avanços ainda são insuficientes e que é necessária vontade política real para apoiar o setor. Ele alerta que mesmo produtores tecnificados, com investimentos em genética e tecnologia, enfrentam dificuldades para se manter, e defende medidas emergenciais, como a compra de leite pelo governo.
Para a recuperação do setor, a Gadolando propõe três frentes de ação:
Regulamentação e apoio governamental – controlar importações e criar mecanismos de incentivo, incluindo a compra de leite pelo governo;
Incentivo ao consumo interno – atualmente, o Brasil consome entre 160 e 170 litros per capita ao ano, abaixo da recomendação da OMS de 200 litros;
Estimular exportações – uma estratégia de médio e longo prazo, fundamental para equilibrar a cadeia produtiva.
“São medidas indispensáveis para evitar o colapso da atividade leiteira e garantir a sobrevivência de milhares de famílias”, afirma Tang. No Rio Grande do Sul, ele acrescenta, a situação é agravada por cinco anos consecutivos de perdas devido a problemas climáticos, tornando ainda mais urgente a adoção de políticas de proteção e incentivo ao setor.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper
