O mercado de arroz em casca no Rio Grande do Sul segue atravessando um período crítico, marcado por custos elevados e preços em queda que comprimem de forma severa a rentabilidade dos produtores. Dados do Cepea revelam que, mesmo com aumento nas exportações e maior demanda de outros estados por arroz de melhor rendimento, as cotações continuam em retração nas principais regiões produtoras.
Na região de Uruguaiana, os custos operacionais de produção, considerando insumos adquiridos em outubro, chegaram a R$ 66,71 por saca de 50 kg, enquanto o custo total foi estimado em R$ 93,19/sc. Em Camaquã, os valores ficaram em R$ 61,73/sc (custo operacional) e R$ 87,88/sc (custo total).
O problema se agrava ao comparar esses números com os preços de venda. Na parcial de novembro, até o dia 21, o arroz em casca foi comercializado, em média, por R$ 54,85/sc em Uruguaiana e R$ 58,40/sc em Camaquã. Isso resulta em margens fortemente negativas: R$ 38,34/sc de prejuízo em Uruguaiana e R$ 29,48/sc em Camaquã, considerando o custo total.
Segundo o Cepea, esse descompasso entre custos e receita completa dez meses consecutivos de prejuízo para os arrozeiros de Uruguaiana e nove meses para os de Camaquã, um dos períodos mais longos de perdas já registrados pelo setor.
Apesar de sinais positivos, como novos embarques ao mercado externo e a procura crescente por parte de outros estados, esses movimentos têm se mostrado insuficientes para elevar as cotações a níveis compatíveis com os gastos de produção no Rio Grande do Sul, responsável por mais de 70% do arroz colhido no país.
A persistência desse cenário acende o alerta sobre a sustentabilidade econômica da rizicultura gaúcha. Com o plantio da nova safra se aproximando, cresce a preocupação de que produtores reduzam áreas cultivadas ou limitem investimentos em tecnologia, o que pode impactar diretamente a oferta futura.
Especialistas avaliam que uma recuperação mais consistente da demanda ou medidas capazes de aliviar os custos seriam necessárias para reequilibrar o mercado. Até que isso ocorra, o setor continua enfrentando uma das mais profundas crises de rentabilidade dos últimos anos.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper
Fonte: Agrolink
