O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) deflagrou, nesta terça-feira, 16 de dezembro, uma operação para o cumprimento de mandados de busca e apreensão, além do sequestro de veículos e imóveis de luxo nos municípios de Dois Irmãos e Capão da Canoa. A ação tem como alvo um casal de influenciadores digitais investigado por promover jogos de azar ilegais na internet, conhecidos como “Jogo do Tigrinho”, e por lavar mais de R$ 7 milhões obtidos com essa atividade ilícita.
A operação é coordenada pelo promotor de Justiça Flávio Duarte, da 8ª Promotoria Especializada Criminal de Porto Alegre, com apoio da promotora de Justiça Maristela Schneider e dos Núcleos Regionais do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) das regiões Metropolitana e Vales. As diligências fazem parte de uma investigação que apura a atuação estruturada do casal na exploração de jogos de azar e na ocultação do patrimônio adquirido com os valores arrecadados.
Segundo o MPRS, os investigados possuem perfis de grande alcance nas redes sociais, sendo que a influenciadora soma mais de meio milhão de seguidores. Utilizando esse alcance, o casal promovia plataformas ilegais de apostas por meio de postagens e vídeos que exibiam uma rotina de luxo, viagens e bens de alto padrão, além de promessas de ganhos fáceis e rápidos. Em algumas publicações, inclusive, era utilizada a imagem da filha pequena para atrair apostadores, prática considerada ainda mais grave pelas autoridades.
As investigações apontam que o esquema movimentou milhões de reais, posteriormente ocultados por meio de empresas de fachada e instituições de pagamento. Durante a operação, o Ministério Público busca apreender veículos de alto valor, como um Porsche Taycan e uma BMW X6, além de imóveis, joias, bolsas de grife, relógios, equipamentos eletrônicos, obras de arte e outros bens adquiridos com recursos de origem ilícita. De acordo com o MPRS, esses itens representam a fase final do processo de lavagem de dinheiro, quando os valores obtidos com crimes são incorporados ao patrimônio com aparência de legalidade.
Os investigados respondem por crimes de exploração de jogos de azar, lavagem de dinheiro e fraudes patrimoniais. Conforme apurado, o casal recebia repasses tanto das plataformas ilegais quanto de empresas intermediárias, integrando um esquema organizado que lucrava diretamente com os depósitos realizados pelos apostadores.
Ao detalhar o funcionamento do golpe, o promotor de Justiça Flávio Duarte destacou o caráter fraudulento e predatório desse tipo de jogo. “Neste jogo de azar, o operador controla regras, algoritmo e probabilidades, sem risco empresarial, apenas gestão matemática do lucro. O apostador não tem como verificar se há aleatoriedade ou se o sistema maximiza perdas, reforçando o caráter fraudulento e predatório”, afirmou. Segundo ele, a prática reiterada e organizada revela uma estrutura empresarial voltada à exploração econômica da contravenção, com ampla divulgação nas redes sociais, uso de influenciadores, promessas enganosas de enriquecimento fácil e direcionamento à população vulnerável.
As investigações seguem em andamento, e o Ministério Público não descarta novas medidas judiciais no decorrer do processo.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper
Fonte: MPRS
