A menos de um mês do início oficial do verão no hemisfério sul, o setor agrícola brasileiro amplia a atenção diante da confirmação do fenômeno La Niña. No dia 13 de novembro, a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos (NOAA) confirmou a configuração do fenômeno no Pacífico Tropical, com previsão de atuação fraca nos próximos meses sobre as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, justamente durante fases decisivas do ciclo produtivo da soja e do milho.
Segundo o extensionista rural da Emater/RS-Ascar, o meteorologista Nórton Franciscatto de Paula, o índice ENOS segue negativo, mantendo a fase fria durante todo o verão 2025/2026. A expectativa é de transição para neutralidade entre janeiro e março de 2026.
Historicamente, esse cenário reduz as chuvas no Rio Grande do Sul, principalmente entre janeiro e fevereiro. A diminuição no armazenamento de água no solo pode comprometer culturas como soja, milho e feijão, com impactos diretos sobre a produtividade.
Estiagem deve aparecer, mas com efeitos moderados nas lavouras
No RS, a incidência mais forte da La Niña deve ocorrer em dezembro e janeiro. Apesar da previsão de estiagem e estresse hídrico, os efeitos sobre as lavouras de grãos tendem a ser limitados, já que cerca de 70% da área de milho está semeada, restando pouca margem para mudanças no calendário.
Para o extensionista e engenheiro agrônomo Alencar Rugeri, o milho pode sentir mais os efeitos da estiagem pela sensibilidade da polinização e germinação. Já a soja conta com alternativas eficazes de adaptação, especialmente o plantio escalonado, que distribui diferentes estágios de desenvolvimento e reduz o risco de perdas simultâneas.
Rugeri reforça que informações climáticas antecipadas são valiosas, mas ressalta que a base de uma lavoura resiliente está em três pilares: solo bem estruturado, cobertura vegetal adequada e rotação de culturas. “O importante é ter informação precisa para formular estratégias diante dos desafios”, afirmou.
Planejamento e manejo seguem determinantes no campo
Diante das incertezas climáticas que marcam mais um verão, produtores apostam no planejamento cuidadoso e em técnicas eficientes de manejo. Na propriedade de Emerson Walter, em Catuípe, na Região Noroeste do Estado, o controle climático e a melhoria do solo fazem parte da rotina há quatro décadas.
A propriedade, que cultiva soja, milho, trigo e aveia com mão de obra familiar e contratada, enfrenta relevo declivoso adotando irrigação, cobertura com palhada, rotação de culturas com mix de inverno e verão, correção da acidez e curvas de nível. Para Walter, essas práticas têm fortalecido a estrutura do solo e garantido maior proteção.
“Investir na estruturação do solo é proteger o bem maior da propriedade”, destacou o produtor, reforçando que a preparação continua sendo a principal ferramenta diante da influência recorrente de fenômenos como a La Niña.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper
Fonte: Agrolink
