Antônio Cláudio Alves Ferreira, o mecânico condenado por destruir o relógio histórico que pertenceu a Dom João VI durante os ataques às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023, foi preso novamente nesta sexta-feira (20) na cidade de Catalão, em Goiás. A prisão foi realizada pela Polícia Federal, com apoio da Polícia Militar de Goiás (PM/GO) e da Força Integrada de Combate ao Crime Organizado de Minas Gerais (FICCO/MG).
A captura ocorre apenas dois dias após Ferreira ter sido solto por decisão do juiz Lourenço Migliorini Fonseca Ribeiro, da Comarca de Uberlândia (MG), que autorizou a progressão de pena para o regime semiaberto e dispensou o uso de tornozeleira eletrônica, alegando indisponibilidade do equipamento no Estado. A Secretaria de Justiça de Minas Gerais, no entanto, afirmou que havia mais de 4 mil tornozeleiras disponíveis.
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), revogou a decisão, determinou o retorno de Ferreira à prisão e mandou instaurar um inquérito contra o juiz mineiro, que teria atuado fora de sua competência legal. Segundo Moraes, o réu ainda não havia cumprido o tempo mínimo necessário — de um quarto da pena — para progredir ao semiaberto, o que representa pelo menos quatro anos dos 17 aos quais foi condenado. Ferreira cumpriu apenas dois anos e cinco meses em regime fechado.
A decisão do juiz Ribeiro foi classificada por Moraes como uma “contrariedade à expressa previsão legal”, e o caso passou a ser investigado como possível abuso de autoridade.
Relembre a condenação
Antônio Cláudio foi condenado em junho de 2024 pela Primeira Turma do STF a 17 anos de prisão por abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, associação criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Ele também foi sentenciado, junto a outros réus, ao pagamento solidário de R$ 30 milhões por danos morais coletivos.
Durante o processo, Ferreira confessou o crime, afirmando que agiu motivado pela reação das forças de segurança. Ele era um conhecido militante extremista e participou de acampamentos bolsonaristas que pediam intervenção militar após a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No dia dos ataques, vestia uma camiseta com o rosto de Jair Bolsonaro.
Após os atos golpistas, fugiu para Uberlândia, onde foi localizado e preso pela Polícia Federal 16 dias depois. Ele foi identificado com base em reconhecimento facial e depoimentos colhidos durante a investigação.
A prisão desta sexta-feira reforça o cerco das autoridades contra os envolvidos nos atos antidemocráticos de 8 de janeiro e levanta questionamentos sobre decisões judiciais que violam critérios legais estabelecidos.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper