A Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul) realizou uma coletiva de imprensa para apresentar o balanço do desempenho do setor agropecuário em 2025 e discutir as perspectivas para 2026. O encontro reuniu o presidente da entidade, Gedeão Pereira, que encerra seu mandato no próximo dia 31 de dezembro e assumirá como primeiro vice-presidente gaúcho da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o presidente eleito para o próximo mandato, Domingos Velho Lopes, e o economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz.
A coletiva foi conduzida por Gedeão Pereira, que destacou o momento histórico vivido pela entidade com a transição de comando. Ao abrir o encontro, ele relembrou sua trajetória à frente da Farsul e ressaltou a importância da sucessão institucional. “É a primeira vez em 29 anos que fazemos uma transmissão do cargo da Presidência na Federação da Agricultura”, afirmou. Gedeão assumiu a presidência após o falecimento de Carlos Rivaci Sperotto e, no último dia 9 de dezembro, tomou posse como 1º vice-presidente da CNA, um cargo inédito para um representante do Rio Grande do Sul.
Na apresentação do balanço econômico, o economista-chefe da Farsul, Antônio da Luz, traçou um diagnóstico preocupante da agropecuária gaúcha em 2025. Segundo ele, o Estado enfrenta a quinta safra consecutiva com perdas, reflexo direto de eventos climáticos adversos e de um ambiente econômico desfavorável. “Estamos na quinta safra consecutiva com perdas. Nós vamos ter uma perda de 6% na produção de grãos em comparação com a safra de 2024, que foi um ano muito ruim. O setor está em uma situação em que não conseguimos sair do fundo do poço”, declarou.
Ao ampliar a análise para o cenário nacional, Antônio da Luz afirmou que o Brasil vem perdendo competitividade nas últimas duas décadas, deixando de acompanhar o crescimento de outras economias. Para ele, os reflexos desse processo atingem não apenas o agronegócio, mas também áreas fundamentais como desenvolvimento econômico, bem-estar social, segurança e saúde. O economista alertou ainda para uma desaceleração mais acentuada da economia brasileira em 2026 e defendeu mudanças estruturais no modelo econômico. “Nós não vamos atingir estabilidade econômica com um fiscal desequilibrado e sem segurança jurídica”, pontuou.
No recorte estadual, o desempenho do Rio Grande do Sul foi classificado como ainda mais crítico. De acordo com os dados apresentados, o Estado ocupa a 26ª posição no ranking nacional de crescimento econômico. “De 2019 para cá, perdemos 11 pontos percentuais em relação ao País”, afirmou Da Luz, ao comparar o desempenho gaúcho com o restante do Brasil.
O economista-chefe da Farsul também destacou que os impactos da estiagem extrapolam o setor agropecuário e atingem diretamente a sociedade gaúcha como um todo. Ele apresentou dados que relacionam períodos prolongados de seca à perda de dinamismo econômico e à redução do crescimento populacional. “O Rio Grande do Sul cresceu 1,8% entre 2010 e 2022. Santa Catarina cresceu 22%, Paraná cresceu 9,6%. Nós estamos perdendo jovens”, alertou.
Ao abordar a situação financeira dos produtores rurais, Antônio da Luz ressaltou que o endividamento tende a permanecer elevado mesmo com uma eventual recuperação das safras. Segundo ele, fatores como desequilíbrio fiscal, inflação e juros altos agravam o cenário. “O endividamento vai continuar. Mesmo que a gente colha uma boa safra, esse problema vai permanecer”, afirmou. Ao concluir, reforçou que o enfraquecimento econômico do Estado tem reflexos diretos sobre toda a população. “Nosso Estado está ficando para trás. E isso traz consequências para toda a população, não só para o produtor”, finalizou.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper
