Por: NELSON JOSÉ WEBER – Capitão Ref do Exército. Licenciatura em Educação Física. Sargento ART/73. Comandos/78. Medalha Mal Hermes CAS/80.
Há pouco, revisitei minha antiga caserna e ouvi do sargento, ao dar uma ordem ao soldado, uma última recomendação: ” E cuidado com as aranhas”. Fiquei me perguntando se antigamente, ou mesmo no atual escopo de combatente, tal conselho seria cabível. Afinal, estamos lidando com soldados dispostos a enfrentar batalhas. Embora, à primeira vista e nas cotidianas condições de temperatura e pressão possa soar pertinente, mas sob uma análise mais profunda, aflora indícios do atual estágio e da sinuca em que se encontra o exército. Encontra-se imerso num emaranhado burocrático, corroído pela faina rotineira, onde apenas o pintar dos meios-fios se destacam e alcançam o imaginário da população, ansiosa por gestos mais ousados e relevantes.
Não é difícil imaginar, o constrangimento entranhado sob a farda, frente ao pesado fardo, que homens de bem relutam em carregar, diante de tão ignóbil destino. Tudo, por força de sucessivas decisões tomadas, através das últimas décadas e que culminaram nos recentes acontecimentos e infligiram pesadas perdas no prestígio, outrora tão decantado aos quatro ventos.
Os fatídicos rumos tomados recentemente foram as gotas suficientes para entornar o copo, desencadeando o maior tsunami de descrédito dos últimos tempos. Mas o desconforto já vem se arrastando e não para por aí. O rol de insatisfação só cresce, tanto interna quanto na opinião pública. Muitos estão insatisfeitos e talvez tenha chegado o momento da pertinente autoanálise, onde novos objetivos devem ser buscados, com a devida relevância à altura da instituição. Por certo, não dá mais para somente se ater às banais e despretensiosas tarefas, que só consomem expedientes e destroem ideais. É urgente a necessidade de estancar a sangria das demissões. São carreiras frustradas, sonhos desfeitos diante da irrelevância erroneamente abraçada. Essa nobre profissão, a que exala a última esperança de uma nação, não merece sua desconfiança e o retificar para azimutes mais elevados certamente irão projetá-la à patamares superiores, que lhe pertencem por direito.