O mercado brasileiro de trigo registrou baixa em setembro, com queda média de 5,2% nas cotações, segundo a consultoria Safras & Mercado. O recuo mais acentuado ocorreu no Paraná, de 10,7%, enquanto no Rio Grande do Sul a desvalorização foi de 4%, percentual similar ao de Minas Gerais, e em Goiás a queda chegou a 3,8%.
De acordo com o analista e consultor Elcio Bento, a retração paranaense refletiu o avanço da colheita e a transição dos preços da safra velha para a nova. Já no RS, onde os trabalhos de colheita ainda não começaram, os preços permanecem atrelados à safra anterior. Bento explica que o cenário de preços internacionais em baixa, câmbio desvalorizado e proximidade da safra nova contribuiu para a redução das cotações.
Em outubro, a tendência de queda se intensifica, uma vez que os preços da safra velha já recuaram a cerca de R$ 1.200 por tonelada e os moinhos diminuíram as compras. No Rio Grande do Sul, a produção superavitária e a paridade de exportação, diante de um câmbio pouco favorável, pressionam ainda mais os preços. A safra nova no estado deve ficar em torno de R$ 1.100 por tonelada, representando queda de 9% em relação ao ano passado.
Segundo Bento, o preço poderia se estabilizar apenas em caso de quebra de safra causada por excesso de chuva, que comprometeria a qualidade do cereal. A consultoria projeta para o RS uma área plantada de 1,04 milhão de hectares, com produtividade estimada em 3.200 quilos por hectare, totalizando uma produção de 3,33 milhões de toneladas, desde que o clima permaneça favorável.
No mercado internacional, a oferta recorde de trigo e os preços competitivos do trigo americano, aliados à pressão do milho para ração, contribuem para a tendência de baixa. Além disso, a safra argentina sem problemas climáticos amplia a disponibilidade e reforça a queda dos preços no Brasil, segundo Bento.
O cenário aponta que, apesar do potencial produtivo gaúcho, fatores climáticos e internacionais devem manter os preços do trigo sob pressão nos próximos meses.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper
Fonte: Correio do Povo