Produtores rurais de Cruz Alta e região realizaram na última sexta-feira (11) um tratoraço em apoio à securitização e renegociação das dívidas do setor agrícola. A mobilização reuniu mais de mil pessoas e integra uma série de protestos que vêm ocorrendo em todo o Rio Grande do Sul desde maio, com o objetivo de pressionar o governo federal a aprovar o Projeto de Lei nº 341/2025.

A principal demanda dos manifestantes é a transformação das dívidas dos produtores em títulos, o que permitiria maior prazo de pagamento e alívio financeiro, especialmente após anos consecutivos de perdas provocadas por estiagens severas e, mais recentemente, pelo excesso de chuvas que atingiu o estado.
O ato teve início no Parque de Exposições de Cruz Alta, com uma carreata pela BR-158 em direção ao Trevo do Gaúchinho. De lá, os manifestantes se concentraram em frente à agência do Banco Sicredi, onde um palco foi montado para pronunciamentos de autoridades e lideranças do setor.
Entre os presentes estavam os senadores Hamilton Mourão e os deputados federais Bibo Nunes, Ubiratan Sanderson e Pedro Westphalen, além do deputado estadual Rafael Braga, representantes de sindicatos, associações rurais e lideranças políticas locais.
A prefeita de Cruz Alta, Paula Rubin Facco Librelotto, também acompanhou o ato e manifestou solidariedade ao setor:

“Estamos ao lado dos produtores que enfrentam uma das maiores crises dos últimos tempos. A falta de resposta efetiva às perdas causadas pelos eventos climáticos compromete o sustento de milhares de famílias e afeta diretamente a economia local”, declarou.
O deputado estadual Rafael Braga reforçou a importância da mobilização:
“A aprovação da securitização é urgente. O produtor não quer esmola, quer condições para seguir trabalhando e produzindo. É dever do Parlamento dar uma resposta à altura dessa demanda”, afirmou.
Já o deputado federal Bibo Nunes criticou a postura do governo federal diante da crise:
“É inadmissível que Brasília feche os olhos para o sofrimento do povo gaúcho. O campo pede socorro, e quem governa precisa ouvir. Não estamos falando de luxo, mas de sobrevivência”, disse ao jornalista Fernando Kopper.

O presidente do Sindicato Rural de Cruz Alta, Moacir Magalhães Medeiros, também marcou presença na mobilização e reforçou a necessidade urgente de políticas públicas voltadas ao campo:
“O produtor rural está exausto de promessas. Precisamos de ações concretas. A securitização das dívidas é a única saída viável neste momento para quem perdeu tudo e ainda precisa manter a produção. O campo está pedindo socorro, e é hora de sermos ouvidos”, destacou.
Durante o protesto, a Associação Comercial e Industrial de Cruz Alta (ACI) divulgou nota apoiando a mobilização. Diversas empresas associadas fecharam suas portas entre 11h e 14h em solidariedade ao movimento. No entanto, o comércio funcionou normalmente em parte da cidade.
Como forma de impacto simbólico, trechos das ruas Mariz e Barros, Pinheiro Machado e General Câmara foram bloqueados por tratores e máquinas agrícolas. O movimento seguiu pacífico e contou com o apoio da Brigada Militar para organização do trânsito. As manifestações devem continuar nas próximas semanas em outras regiões do estado.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper