Um estudo técnico da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) revelou os impactos econômicos esperados com a entrada em vigor das novas tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. O levantamento, que tem sete páginas, estima que o chamado “tarifaço” pode causar uma retração de R$ 1,92 bilhão na economia gaúcha, tornando o Estado o segundo mais afetado do país.
Com um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 706,8 bilhões em 2024 — cerca de 6% da economia nacional —, o Rio Grande do Sul tem forte vocação exportadora. Segundo a Fiergs, 18,9% do faturamento da indústria gaúcha vem do mercado externo, acima da média nacional de 16,4%. Os Estados Unidos, principal destino das exportações do Estado, concentram o relacionamento com 1.100 empresas gaúchas, o equivalente a 10% do total nacional.
— Temos vocação exportadora e, por isso, não surpreendem os dados que são apresentados. Seremos muito impactados — alertou o economista-chefe do Sistema Fiergs, Giovani Baggio.
A estimativa nacional do impacto tarifário é de queda de 0,16% no PIB, o que representa uma perda de R$ 19,2 bilhões para a economia brasileira. No cenário gaúcho, os segmentos mais expostos são os da indústria de transformação, cujos embarques para os EUA representam 11,2% do total exportado neste ano.
Setores com maior proporção de exportações para os EUA em 2024:
Produtos de metal: 45,8%
Máquinas e materiais elétricos: 42,5%
Madeira: 30,1%
Couro e calçados: 19,4%
Celulose e papel: 14,0%
Ramos mais expostos proporcionalmente:
Armas de fogo: 85,9%
Calçados de couro: 47,5%
Serrarias com desdobramento de madeira em bruto: 29,6%
Móveis com predominância de madeira: 18,3%
Celulose e pastas para papel: 13,9%
Atividades da indústria de transformação com maior número de empregos no RS:
Calçados de couro: 31.555 postos
Móveis com predominância de madeira: 30.748
Peças e acessórios para veículos: 12.226
Produtos de metal: 10.549
Abate de bovinos: 9.254
Os dados vêm sendo utilizados como base em reuniões com representantes dos governos estadual e federal, na tentativa de estruturar uma estratégia de diálogo com o governo norte-americano. O setor industrial gaúcho teme que o aumento das tarifas comprometa não apenas a competitividade das exportações, mas também milhares de empregos ligados a essas cadeias produtivas.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper