A possível entrada em vigor, a partir de 1º de agosto, da tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras de carne aos Estados Unidos, imposta pelo presidente americano Donald Trump, acende o alerta entre produtores e representantes da cadeia da pecuária no Rio Grande do Sul.
O setor, que vem apresentando recuperação no desempenho, teme que a medida comprometa os avanços obtidos no primeiro semestre de 2025. Segundo dados do Departamento de Economia e Estatística (DEE), da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão, os embarques de carne do estado para os EUA cresceram 177,4% em relação ao mesmo período do ano passado. O faturamento saltou de US$ 18,6 milhões, nos primeiros seis meses de 2024, para US$ 51,7 milhões em igual período deste ano.
“Toda a cadeia produtiva está bastante apreensiva”, afirmou José Luiz Kessler, presidente da Associação Rural de Pelotas. Ele destaca a falta de perspectiva de negociação entre os dois países e teme que a interrupção dos negócios com os americanos provoque um excedente de carne no mercado interno, pressionando preços e afetando a cadeia produtiva local.
Outro temor é a perda de competitividade frente a países como Austrália e Argentina, que podem avançar nas exportações ao mercado norte-americano.
Marcelo Silva, diretor da Trajano Silva Remates, acredita que o segundo semestre será difícil para a pecuária gaúcha, afetando inclusive o mercado de leilões. “Os próprios leilões têm menos animais para vender, os números nos valores em quilo diminuíram bastante e até alguns frigoríficos estão em compasso de espera”, afirmou. Silva lembra ainda que a atividade já vinha sendo impactada pela estiagem no verão e pelas chuvas excessivas em junho.
Por outro lado, Francisco Schardong, diretor administrativo da Farsul, vê certa resiliência no setor, especialmente em regiões como Caçapava do Sul, Glorinha, Lavras do Sul e São Sepé, onde os leilões de gado seguem em bom ritmo. “Os animais que são comprados são utilizados no Rio Grande do Sul. São novilhas, vacas e bois para engordar. Tudo fica aqui”, destacou.
Ainda assim, Schardong reconhece que a sobretaxa pode gerar reflexos importantes. “O mercado interno teria dificuldade de absorver o que deixar de ser exportado, tanto pelo volume quanto pela qualidade da carne destinada ao exterior”, alerta.
O setor aguarda os próximos desdobramentos com apreensão, enquanto se mobiliza para minimizar os impactos de uma possível retração nas exportações para um de seus mercados mais valorizados.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper