Um dia após o governo dos Estados Unidos, sob comando de Donald Trump, anunciar sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva promoveu um jantar no Palácio da Alvorada, na noite desta quinta-feira (31), com ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e o procurador-geral da República, Paulo Gonet. A reunião, marcada por discursos de solidariedade a Moraes, escancarou mais uma vez a aliança entre o Palácio do Planalto e setores do Judiciário, o que tem gerado críticas por parte da oposição e de juristas independentes.
As sanções aplicadas a Moraes, com base na Lei Global Magnitsky, envolvem congelamento de bens e proibição de entrada nos Estados Unidos. Segundo o Departamento de Estado, as medidas decorrem de denúncias de violações de direitos civis e abuso de autoridade, acusações que ganharam visibilidade internacional diante de decisões polêmicas tomadas por Moraes nos últimos anos.
Em vez de adotar uma postura de cautela diplomática ou buscar esclarecimentos por vias institucionais, o governo Lula optou por uma resposta simbólica e política, promovendo um jantar em defesa pessoal de um ministro do STF. O gesto foi interpretado por críticos como tentativa de blindagem e reafirmação da interferência cruzada entre os Poderes, justamente no momento em que cresce o questionamento internacional sobre a atuação de figuras centrais da Justiça brasileira.
Estiveram presentes o presidente da Corte, Luís Roberto Barroso, outros ministros do STF e o procurador-geral Paulo Gonet. Segundo relatos, o tom geral foi de críticas às sanções americanas e reforço ao papel de Moraes, cuja atuação tem sido frequentemente associada a medidas de censura, prisões preventivas prolongadas e ações unilaterais em processos políticos.
O encontro ocorre às vésperas da reabertura dos trabalhos no STF, marcada para esta sexta-feira (1º), em cerimônia que deve ser dominada por manifestações de apoio a Moraes. No segundo semestre, a Corte deverá julgar temas sensíveis, como a validade da coleta obrigatória de DNA de condenados, a Lei de Abuso de Autoridade, repatriações internacionais e mudanças no acesso a cursos militares.
Também está em pauta a sucessão na presidência do Supremo: Barroso deixa o cargo em setembro, e tudo indica que Edson Fachin assumirá a presidência, com Alexandre de Moraes ocupando a vice, o que consolidaria ainda mais a influência do grupo que mantém proximidade direta com o Executivo.
O jantar no Alvorada, mais do que uma reunião institucional, expôs um governo que segue aprofundando seus laços com o Judiciário em nome da autoproteção e do controle político. Para críticos, a postura de Lula enfraquece a independência entre os Poderes e compromete a imagem internacional do Brasil em um momento de pressão crescente por transparência, equilíbrio e respeito aos direitos fundamentais.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper