A redução da área plantada surge como a principal alternativa para o arroz irrigado enfrentar a safra 2025/2026, segundo informações divulgadas pela Federarroz. O alerta foi reforçado durante palestra online realizada na última quinta-feira, 2/10, conduzida pelo presidente da entidade, Denis Nunes, com análise do economista-chefe da Farsul, Antonio da Luz.
O cenário global do arroz apresenta fortes desafios, com pressão da Índia no mercado internacional, estoques elevados e instabilidades econômicas. Na palestra “Contexto da Safra de arroz 2025/2026”, Denis Nunes destacou fatores como variação cambial, juros elevados, instabilidade nos Estados Unidos e o crescimento da produção em países asiáticos e norte-americanos, que impactam diretamente o setor.
Para mitigar os efeitos, a Federarroz recomenda que os produtores considerem alternativas como diversificação com pecuária e outras culturas, renegociação de arrendamentos, fortalecimento de associações e aumento das exportações. A principal medida prática, no entanto, é a redução da área plantada, ajustada à realidade de cada propriedade, visando equilibrar estoques e evitar queda nos preços internos.
“O choque de realidade é necessário para que tomemos atitudes. São medidas dolorosas, mas que podem evitar o pior cenário”, afirmou Denis Nunes.
O economista-chefe da Farsul, Antonio da Luz, reforçou o alerta: “Estamos nos aproximando de um iceberg. Precisamos manobrar agora para evitar a colisão”. Para ele, a recomendação da Conab de ampliar a área semeada é “irresponsável”, diante dos altos estoques e da baixa demanda. “Se isso ocorrer, o preço ao produtor vai desabar”, disse.
Entre os fatores que preocupam o setor estão a queda de renda da população, crédito mais restrito e a dificuldade de competitividade do arroz brasileiro frente a países como Índia, China e Estados Unidos. “Todos os indicadores nos levam à redução da área plantada como única alternativa para ajustar oferta e demanda”, concluiu Da Luz.
Além das ações no campo, a Federarroz também propõe mobilização política. Entre as demandas ao governo federal estão o reforço na fiscalização de importações com riscos fitossanitários, subvenções para comercialização e aumento do preço mínimo do arroz. Já ao governo estadual, a entidade solicita o uso da taxa CDO para auxiliar produtores afetados por enchentes, equiparação do ICMS com outros estados e incentivo ao consumo interno do grão.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper