Por: João Victor Costa Dos Santos, Estudante de Arquitetura e Urbanismo e Ciência Política. Fundador e líder do grupo Barões da Restauração e mantenedor do site Brumas do Passado
Na história brasileira, 2 de Julho é uma data de substancial importância: neste dia em 1823, as tropas brasileiras tiveram uma vitória decisiva sobre as tropas portuguesas na então Província da Bahia, consolidando assim a independência do Brasil naquela região. É um momento excepcional de nossa história, parte da nossa Guerra de Independência (quem diz que não tivemos guerra, certamente precisa ler mais a respeito dos conflitos brasileiros desta época). Todavia, não foi o último confronto necessário para garantir nossa soberania: ainda houve batalhas no Maranhão, no Pará e na Cisplatina.
No entanto, reconhecer o valor do 2 de Julho não significa desmerecer ou reescrever o papel histórico do 7 de Setembro. O presidente Lula, ao colocar em xeque o Dia da Independência, sugerindo que a “verdadeira” independência teria ocorrido em outra data, dá um passo perigoso em direção à quebra da unidade nacional e à instrumentalização ideológica da história nacional.
Como afirmou o historiador Rafael Nogueira, “a independência, por definição, é um ato de separação política, uma decisão pública do líder que funda um novo Estado. Foi o que ocorreu em 7 de Setembro de 1822: Dom Pedro rompeu com Lisboa, o ato foi anunciado, e a guerra se seguiu. Como nos EUA, cuja independência é celebrada em 4 de Julho (data de declaração, não da última batalha, que ocorreu cinco anos depois), o Brasil consagrou o gesto fundador, não o fim do conflito”.
Trata-se, portanto, de compreender a lógica histórica e simbólica que fundamenta o 7 de Setembro como marco nacional. Assim como outras nações celebram o dia em que proclamaram sua ruptura formal com o poder colonial — mesmo que isso tenha sido apenas o início de um longo processo — o Brasil também consagrou sua fundação política nesse dia.
Ao invés de enfraquecer a data nacional em nome de preferências regionais ou discursos políticos, seria mais sensato valorizar o 2 de Julho como o que ele é: um capítulo heroico da consolidação da independência, e não o ato fundador do Brasil independente. Usar a história como instrumento de divisão, ou como ferramenta de revisionismo superficial, apenas compromete a memória nacional e prejudica a formação de uma identidade verdadeiramente integrada.
A história do Brasil é rica, plural e marcada por lutas em várias frentes. Honremos todas elas — mas sem desfigurar os fatos nem as datas que moldaram nossa independência e soberania. Dito isso, parabéns baianos por esta data memorável e fundamental para o país.