A canola vem conquistando cada vez mais espaço nas lavouras de inverno do Rio Grande do Sul. Conforme o levantamento da safra de inverno 2025 divulgado pela Emater/RS-Ascar na última quinta-feira, a cultura oleaginosa foi cultivada em 176.076 hectares, um aumento de 19,07% em relação aos 147.879 hectares de 2024. A produção estimada chega a 292.049 toneladas, crescimento de 39,85% em comparação ao ano passado. No entanto, a produtividade foi ligeiramente reavaliada para 1.659 quilos por hectare, redução de 4,49% em relação à previsão inicial de 1.737 kg/ha.
Entre os principais cultivos da estação, apenas a aveia branca registrou expansão em área, enquanto trigo e cevada recuaram.
Segundo Alencar Rugeri, gestor da Área de Culturas Anuais da Emater/RS-Ascar, o crescimento da canola está ligado à combinação de fatores: “A canola vem tendo uma boa resposta em termos de produção e produtividade, tem mercado assegurado, que é a ‘grande fortaleza’ da canola e da cevada. Esses produtos de cadeia curta têm esta vantagem em relação a outros.” Ele ressalta ainda o incentivo de empresas, como uma grande indústria processadora em São Luiz Gonzaga, e o conhecimento técnico consolidado entre os produtores, tornando o cultivo mais seguro e contínuo.
A canola produzida no Estado é transformada em farelo e óleo, utilizado tanto na alimentação quanto na produção de biodiesel, e o RS já realiza exportação do grão. Rugeri avalia como “bela expectativa” o crescimento futuro da cultura, destacando a consolidação de produtores que agora adotam a canola de forma permanente. “Não é mais aquela mudança de produtor. O cara planta um ano e depois, no outro, não planta. Agora, o cara que está plantando já é um produtor de canola”, observa. Ele lembra que a cultura apresenta remuneração competitiva, com paridade de preço em relação à soja.
O ciclo da canola está próximo do final, predominando as fases de maturação e colheita, embora algumas áreas menores ainda estejam em enchimento de grãos. Os rendimentos médios variam entre 1.500 e 2.100 kg/ha, conforme o nível tecnológico empregado. Na comercialização, a saca de 60 quilos da canola é negociada a R$ 124,50 na região de Ijuí e R$ 125,97 em Santa Rosa.
De acordo com o Informativo Conjuntural da Emater/RS-Ascar, a qualidade dos grãos é, de modo geral, satisfatória, embora áreas com impurezas e maior umidade possam comprometer a rentabilidade. “As condições climáticas durante todo o ciclo favoreceram o desenvolvimento vegetativo e reprodutivo, resultando em uniformidade e adequado estado fitossanitário dos cultivos, com baixa incidência de doenças foliares. No entanto, a presença de pragas, especialmente a traça-das-crucíferas, exigiu aplicações sequenciais de inseticidas. A dessecação química tem sido adotada para uniformizar a maturação e facilitar a colheita”, conclui o informativo.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper
