O soldado Emerson Brião, de 32 anos, foi preso na manhã desta quinta-feira (10) pela Brigada Militar, suspeito de ser o autor dos disparos que mataram Geovane Matias Maciel, em março deste ano, no município de Bom Jesus, na Serra Gaúcha. A prisão foi determinada pela Justiça a pedido da Polícia Civil, após a revelação de um vídeo que mostra Maciel sendo baleado enquanto já estava imobilizado e com as mãos algemadas para trás.
A gravação, entregue anonimamente às autoridades em junho, foi considerada decisiva para mudar os rumos da investigação. No vídeo, obtido pelo Grupo de Investigação da RBS, é possível ver a vítima cercada por policiais militares, momento em que é atingida por dois disparos, mesmo já estando contida.
Inicialmente, a Polícia Civil havia concluído em inquérito que a morte de Maciel teria ocorrido por “oposição à intervenção policial”, com base em relatos de que ele teria sacado uma faca e investido contra o policial Brião, que inclusive apresentou um colete com marca de rasgo. Uma faca também foi apreendida na ocasião.
Contudo, com o surgimento das imagens, a investigação foi reaberta e passou a tratar o caso como homicídio doloso. De acordo com o delegado Carlos Alberto Defáveri, responsável pelo inquérito, o foco atual é esclarecer três pontos principais:
A autenticidade da gravação, que está sendo periciada;
Se os três projéteis encontrados no corpo (o quarto não foi localizado) partiram da mesma arma;
E se houve, de fato, a reação por parte da vítima antes dos disparos, como alegado inicialmente pelos PMs.
“A perícia já apontou que os tiros fatais foram disparados após a vítima estar algemada e imobilizada. Para a Polícia Civil, as imagens deixam claro que houve homicídio qualificado”, afirmou o delegado, que comanda a 25ª Região Policial, com sede em Vacaria.
A ordem de prisão foi cumprida pela própria Brigada Militar após um entendimento com a Polícia Civil. Brião será ouvido e permanecerá recolhido em uma unidade da corporação. A Justiça Militar havia recusado um pedido anterior da Corregedoria da BM, cabendo à Justiça Comum decretar a prisão, por se tratar de crime doloso contra a vida cometido por policial militar em serviço.
Contraponto da defesa
O advogado de Emerson Brião, Fabio César Rodrigues Silveira, afirmou que a defesa já está atuando para reverter a prisão preventiva. “O investigado sempre se colocou à disposição das autoridades e não adotou qualquer conduta que pudesse prejudicar a apuração dos fatos. Vamos demonstrar que a restrição de liberdade é desnecessária”, declarou.
O caso segue sendo investigado e deve resultar em novos desdobramentos nos próximos dias, à medida que o laudo da perícia e os depoimentos forem sendo analisados.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper
Fonte: GZH