O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), é acusado de empregar como assessor parlamentar o caseiro de sua fazenda em Serraria, no interior da Paraíba, utilizando verba pública do gabinete. A denúncia foi divulgada em reportagem da Folha de S. Paulo nesta sexta-feira (15).
Segundo o jornal, Ary Gustavo Soares está contratado desde 2019 como secretário parlamentar do gabinete de Motta, recebendo R$ 7,2 mil mensais em salários e auxílios pagos pela Câmara. O cargo prevê dedicação exclusiva de 40 horas semanais, mas relatos de ex-funcionários da propriedade apontam que ele atua como responsável pela administração da fazenda na ausência do deputado.
De acordo com Antonio da Costa, ex-tratorista que trabalhou no local até junho de 2023, Ary permanece na propriedade de segunda a sexta-feira, retornando a Patos no fim de semana, onde também atua como motorista de Motta.
A fazenda em Serraria, comprada pelo parlamentar em março de 2023 por R$ 2,7 milhões, pertenceu anteriormente ao ex-senador Raimundo Lira, também do Republicanos. O município, de pouco mais de 6 mil habitantes, fica a 131 km de João Pessoa e a 225 km de Patos, base eleitoral de Motta.
Além de Ary, familiares do caseiro também ocupam cargos vinculados ao entorno político do deputado. Sua esposa, Isabella Perônico, recebe R$ 14,3 mil mensais em cargo no gabinete da avó de Motta, a ex-deputada Francisca Motta. Já o irmão de Ary ocupa o cargo de superintendente da PatosPrev, responsável pela previdência dos servidores municipais.
Procurada pela reportagem da Folha na quarta-feira (13), a assessoria de Hugo Motta não se manifestou.
Na Câmara, cada deputado tem direito a uma verba de gabinete de até R$ 133 mil por mês para a contratação de 5 a 25 secretários parlamentares. O caso reacende o debate sobre o uso político desses recursos e a prática de empregar aliados e familiares em cargos públicos.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper