O trigo brasileiro enfrenta queda de preços em várias regiões produtoras, impulsionada pelo avanço da colheita da nova safra e por fatores externos, segundo o mais recente boletim do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada). A retração ocorre tanto no mercado de balcão quanto no atacado, refletindo também a desvalorização do dólar frente ao real e a baixa nos preços internacionais.
De acordo com o Cepea, os recuos começaram nos valores pagos diretamente aos produtores e, posteriormente, se refletiram nos preços praticados entre atacadistas. Essa tendência é mais intensa em estados que já avançaram na colheita, como Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.
Dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) indicam que, até 13 de setembro, cerca de 13,8% da área nacional destinada ao trigo já havia sido colhida. Goiás lidera com 95% da área colhida, seguido por Minas Gerais (94%) e Mato Grosso do Sul (82%). Em São Paulo, 20% da área foi colhida, enquanto no Paraná a colheita atingiu 12%. No Sul do país, maior polo produtor, a colheita ainda não começou, mantendo a expectativa de maior oferta nos próximos dias.
A pressão sobre os preços é reforçada pelo cenário externo, marcado por ampla oferta global e fraca demanda. A queda do dólar torna o trigo importado mais competitivo no Brasil, contribuindo para a desvalorização do produto nacional.
No mercado interno, as cotações já registram quedas expressivas, impactando a rentabilidade das lavouras, especialmente em regiões onde os custos de produção foram elevados pela alta dos insumos na pré-safra.
Para especialistas, o atual cenário exige gestão de riscos e estratégias comerciais cautelosas, diante de um ambiente de volatilidade e margens reduzidas, reforçando a necessidade de atenção redobrada por parte dos produtores e comerciantes.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper