O valor consolidado do leite em agosto no Rio Grande do Sul encerrou o mês em R$ 2,3861, representando uma queda de 2,97% em relação ao valor de julho, que havia sido de R$ 2,4592. A retração confirma a tendência de baixa observada desde o pico registrado em meados de 2023, reflexo do desequilíbrio entre oferta, demanda e custos de produção no setor lácteo gaúcho.
De acordo com o coordenador do Conseleite, Darlan Palharini, os números projetados para setembro têm como base os primeiros 20 dias do mês e foram elaborados a partir das informações fornecidas pelas indústrias. O colegiado, que reúne representantes de toda a cadeia produtiva, define mensalmente os parâmetros de referência para orientar as negociações entre produtores e laticínios.
A queda acende um alerta para os produtores, especialmente os de menor escala, que enfrentam margens cada vez mais reduzidas diante do aumento nos custos de insumos, energia e mão de obra. Sem uma redução correspondente nos custos de produção, a sustentabilidade econômica de muitas propriedades leiteiras está em risco.
No mercado interno, o consumo de lácteos segue abaixo das expectativas, mesmo com a redução da inflação e a recuperação gradual do poder de compra. Esse cenário limita a capacidade de repasse de preços pelas indústrias e mantém a remuneração em níveis que, em várias regiões do estado, não cobrem os custos de produção, como no Alto Uruguai e no Planalto.
A expectativa é que o consumo aumente com a chegada das temperaturas mais altas, quando cresce a procura por derivados como iogurtes e bebidas lácteas. No entanto, essa possível recuperação depende de fatores econômicos e climáticos, como o abastecimento regular e as condições de pastejo para o gado.
Com mais uma retração confirmada, o setor lácteo do Rio Grande do Sul entra no último trimestre do ano em alerta, aguardando uma inflexão que possa reequilibrar a cadeia e oferecer maior previsibilidade a produtores e indústrias.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper