Uma investigação da Polícia Civil revelou um esquema de extorsão que tinha como alvo clientes de motéis em Porto Alegre. O grupo monitorava a saída dos estabelecimentos, registrava imagens dos frequentadores e, em seguida, exigia pagamentos em dinheiro para não expor supostas traições. A ação era coordenada de dentro do sistema prisional, segundo a polícia.
Na manhã desta terça-feira, 26, o Departamento Estadual de Repressão aos Crimes Cibernéticos deflagrou a Operação Segredo de Alcova, cumprindo nove mandados judiciais, cinco de prisão preventiva e quatro de busca e apreensão, em Eldorado do Sul e Charqueadas.
As investigações apontam que o grupo agia desde maio deste ano. Apenas em um dos motéis monitorados, já foram confirmados ao menos quatro casos. Até o momento, dez vítimas foram identificadas, mas a polícia acredita que o número pode ser maior.
Segundo o delegado Eibert Moreira Neto, diretor do departamento, os criminosos se passavam por detetives particulares e contatavam as vítimas pelo WhatsApp. Alegavam ter sido contratados por companheiros ou companheiras para investigar uma possível traição e ameaçavam divulgar fotos e vídeos. Para garantir o silêncio, exigiam valores que chegavam a até R$ 15 mil, geralmente pagos via Pix.
Uma mulher de 27 anos foi presa em Eldorado do Sul, suspeita de ser a responsável pela vigilância em frente aos motéis. Ela se hospedava nos locais para registrar fotos e vídeos dos veículos, escolhendo principalmente carros de alto padrão. Depois, entrava em contato direto com as vítimas para consumar as extorsões.
A investigação também revelou a participação de presos no Complexo Prisional de Charqueadas. Um detento de 32 anos, encarcerado desde 2016, era o responsável por coordenar tecnicamente o golpe, realizando consultas de dados de veículos e de seus proprietários. Ele possui extensa ficha criminal, incluindo crimes de extorsão, estelionato, homicídio, roubo de veículo e porte ilegal de arma de uso restrito.
Em outra unidade prisional de Charqueadas, três detentos atuavam a partir de uma mesma cela na execução das extorsões. De acordo com a polícia, todos têm ligação com facções criminosas do Rio Grande do Sul.
“São indivíduos faccionados que antes atuavam em guerras do tráfico de drogas e agora migraram para esse novo ramo da criminalidade, passando a extorquir vítimas”, destacou o delegado Eibert Moreira Neto.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper
Fonte: GZH