Por: João Victor Costa Dos Santos, Estudante de Arquitetura e Urbanismo e Ciência Política. Secretário Executivo e Representante Estadual pelo RS do Instituto Brasileiro de Estudos Monarquistas – IBEM
José Bonifácio, nosso patriarca da Independência, certa vez disse que o brasileiro seria “o novo ateniense” se não caísse “vítima da tirania de Estado”. Infelizmente, seu maior temor se concretiza na atualidade, onde possuímos um Estado – elemento permanente – frequentemente à beira do colapso devido ao Governo – elemento temporário. Seja por razões políticas ou pessoais, muitos dos que são eleitos ou indicados ao poder acabam se distanciando dos anseios da população, que, desiludida, perde a esperança em um projeto de nação que contemple suas necessidades e anseios. Esse caos social, político e econômico desperdiça, diariamente, a oportunidade de o Brasil se consolidar como um país desenvolvido ou, ao menos, que atenda de forma digna o seu próprio povo.
Muito se fala sobre a riqueza dos recursos naturais que o país possui e sobre a nossa posição geográfica privilegiada, que nos concede um vasto território com diferentes possibilidades econômicas e culturais. No entanto, o potencial que nos diferencia como nação é, há décadas, sufocado pela falta de investimentos estruturais e estratégicos. A ausência de uma política eficaz voltada à infraestrutura de transporte, ao incentivo à industrialização e à inovação tecnológica paralisa nosso progresso e reduz a competitividade do Brasil no cenário global. Isso não só compromete nosso papel como potência emergente, mas também nos torna ainda mais dependentes de nações estrangeiras.
Temos abundância de minerais, mas carecemos de tecnologia para aproveitá-los de forma eficiente. Temos mentes brilhantes capazes de produzir conhecimento e inovação, mas muitos de nossos cientistas, engenheiros e pesquisadores optam por deixar o país em busca de reconhecimento e melhores condições de trabalho no exterior. Enquanto outros países investem em educação, ciência e tecnologia como pilares de crescimento, o Brasil negligencia esses elementos fundamentais, perpetuando um ciclo de retrocesso que nos impede de avançar.
Além disso, a centralização de decisões e a instabilidade política tornam inviável qualquer plano de longo prazo. O poder público, muitas vezes, age mais como um empecilho do que como um facilitador, impondo burocracias, privilegiando interesses individuais e negligenciando o bem coletivo. Com isso, projetos essenciais para o desenvolvimento nacional são engavetados, enquanto prioridades imediatas são substituídas por conveniências políticas, para garantir a permanência no poder.
O Brasil é uma terra de possibilidades, mas para que essa potencialidade se torne realidade, é urgente uma transformação profunda, que resgate a confiança da população, valorize a educação como base para o futuro, incentive a pesquisa como caminho para a autonomia e reconstrua as estruturas que sustentam o crescimento de uma nação. Sem isso, continuaremos prisioneiros de nossas próprias contradições, perdendo o que José Bonifácio idealizava: um povo digno de ser chamado “o novo ateniense”, mas que, hoje, encontra-se submerso na tirania da própria negligência.