Nesta quinta-feira (16/10), a Polícia Civil do Rio Grande do Sul, por meio da Delegacia de Repressão à Lavagem de Dinheiro (DRLD) do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc), deflagrou a Operação Turrim Lavare, com o objetivo de desarticular uma organização criminosa especializada em lavar dinheiro oriundo do tráfico de drogas. A ofensiva mobilizou centenas de agentes e resultou na prisão de 50 pessoas, além da apreensão de veículos, armas, drogas e bens de alto valor.

Ao todo, 209 medidas cautelares foram cumpridas nas primeiras horas da manhã, incluindo 68 mandados de prisão preventiva, 37 de busca e apreensão, 74 bloqueios de contas bancárias, 6 sequestros de imóveis (dois em Santa Catarina), 20 veículos com ordem de indisponibilidade via Renajud e 4 sequestros de veículos. As ações ocorreram simultaneamente em 19 municípios — entre eles Novo Hamburgo, Lajeado, Gravataí, Canoas, Porto Alegre e Tramandaí —, além das cidades catarinenses Florianópolis e Vargem Bonita.
Segundo o Delegado Adriano Nonnenmacher, da DRLD/Denarc, o grupo operava um sofisticado esquema de lavagem de capitais, com movimentações estruturadas no sistema financeiro, uso de contas de idosos, pulverização de valores e transações bancárias de pequeno porte para evitar a detecção. “Os valores ilícitos circulavam entre líderes, gerentes e ‘laranjas’, movimentando cifras milionárias. A organização demonstrava alto nível de especialização para dissimular o dinheiro do tráfico na economia formal”, explicou.

O Delegado Rafael Liedtke destacou que a investigação identificou a ligação entre operadores regionais e grandes líderes do tráfico, incluindo um criminoso de projeção estadual recentemente preso no exterior. “As provas financeiras comprovaram a conexão entre o litoral gaúcho e organizações atuantes na Grande Porto Alegre, revelando a forte capilaridade da quadrilha”, afirmou Liedtke.
De acordo com o Delegado Alencar Carraro, diretor de investigações do Denarc, esta é a segunda fase da Operação Turrim Lavare, iniciada em 2023, quando 53 pessoas foram presas e comprovou-se o envolvimento do grupo com homicídios e ameaças a autoridades. “A atual etapa atinge a alta cúpula do narcotráfico gaúcho, com base em um ano de análises e diligências detalhadas”, ressaltou.

A operação também determinou o bloqueio de valores que somam até R$ 120,3 milhões, além da indisponibilidade de ativos estimada em R$ 2 milhões, como forma de descapitalizar o grupo. Conforme o Delegado Carlos H. Wendt, diretor do Denarc, a ação representa mais um golpe no poder financeiro do narcotráfico. “Desde 2019, conseguimos descapitalizar mais de R$ 130 milhões em bens e ativos de organizações criminosas no estado”, destacou.
A Operação Turrim Lavare contou com o apoio da Polícia Civil de Santa Catarina, do Ministério da Justiça, por meio da Secretaria de Operações Integradas (Senasp/DIOPI), e integra o Projeto IMPULSE, vinculado ao Programa ENFOC, que promove a integração entre forças de segurança no combate ao crime organizado.
Para o diretor de Operações Integradas e de Inteligência, Rodney da Silva, o trabalho conjunto reforça o compromisso do governo federal em fortalecer a capacidade investigativa dos estados. “A cooperação entre as polícias é fundamental para enfrentar o tráfico e desmantelar suas estruturas financeiras”, concluiu.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper