A Polícia Civil do Rio Grande do Sul deflagrou nesta terça-feira, 12/08, uma nova fase da Operação Medici Umbra, visando desarticular grupo criminoso que aplicava golpes sofisticados contra médicos do estado, utilizando inteligência artificial e “sósias” para fraudar documentos e invadir contas bancárias.

Na primeira fase, em junho, a polícia prendeu cinco integrantes da chamada “família do crime”, especializados em fraudes virtuais, entre eles uma mulher de 28 anos, líder do grupo, e quatro familiares, todos com histórico de estelionato.
Nesta segunda etapa, o Departamento Estadual de Repressão aos Crimes Cibernéticos cumpriu mandados em São Paulo (SP), Ananindeua (PA) e Vila Velha (ES), com três prisões preventivas e três buscas e apreensões. Segundo o delegado Eibert Moreira Neto, a nova fase identificou uma segunda camada de envolvidos, responsáveis pelo suporte logístico das fraudes.
Em São Paulo, foi alvo um homem de 44 anos que recrutava moradores de rua com semelhança física aos médicos gaúchos para criação de documentos falsos. Usando inteligência artificial, alterava imagens para driblar sistemas de biometria facial, inclusive com selfies manipuladas. Conversas interceptadas pela polícia mostraram ordens como “arruma um cara assim” para encontrar “sósias”.
No Pará, um jovem de 20 anos usava um bot para capturar e vender informações pessoais sigilosas das vítimas em grupos de WhatsApp. O suspeito, apelidado de “MDP” ou “Menor do Painel”, foi preso preventivamente.
Já em Vila Velha, um homem de 29 anos, com passagem anterior em investigação sobre o “golpe do falso advogado”, teve novo mandado de prisão decretado. Ele é acusado de vender acessos a sistemas processuais para golpes, além de falsificar documentos e manter uma gráfica clandestina, fornecendo material para o esquema em Cruz Alta.
O modus operandi do grupo consistia em invadir e-mails das vítimas, acessar contas gov.br para obter documentos pessoais e, com o uso de documentos falsos e “sósias”, abrir contas bancárias em nome dos médicos. A partir dessas contas fraudulentas, realizavam transferências de valores.
A investigação teve início em janeiro, após um médico de Porto Alegre relatar tentativa de golpe envolvendo R$ 800 mil em transferências suspeitas. Outros quatro médicos foram identificados como vítimas, com prejuízo total estimado em cerca de R$ 80 mil. Os alvos tinham mais de 60 anos e utilizavam o mesmo provedor de e-mail, o que facilitou o rastreamento da quadrilha.
“É a verdadeira família do crime, cinco pessoas especializadas em golpes virtuais”, afirmou o delegado Moreira Neto.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper