Por: Fernando Kopper – Jornalista
Ah, o mundo realmente está melhorando, ou pelo menos é isso que nos vendem entre uma guerra e outra. No leste europeu, Rússia e Ucrânia disputam medalha de ouro em destruição de cidades e infraestruturas. No Oriente Médio, palestinos e israelenses seguem um eterno ciclo de ataques e retaliações, mostrando que a diplomacia é apenas uma palavra bonita para colocar em cartaz. Na Ásia, Índia e Paquistão ensaiam o mesmo balé nuclear, como se quisessem ver quem grita mais alto antes de apertar o botão errado.
Aqui perto, na América do Sul, Venezuela e Estados Unidos continuam a trocar farpas, sanções e discursos inflamados, enquanto no Brasil o presidente Lula se especializou em criticar a política externa alheia como se fosse comentarista de reality show internacional, porque, claro, quem precisa resolver problemas internos quando dá para dar pitaco lá fora?
Não estamos à beira de uma nova Guerra Fria, meus caros, já estamos vivendo uma nova Guerra Fria, mas agora com mais atores, mais redes sociais e uma dose extra de reality show político. Cada crise ganha threads no Twitter (X), lives no Instagram e vídeos virais que aumentam a sensação de que o planeta inteiro está em modo “apocalipse com filtro”.
Outro dia vi uma foto da Terra tirada por uma sonda espacial, e pensei: “Que planeta lindo… e que barulheira!” Todo mundo se odeia, se engana e se caça por ganância, poder e likes. O planeta parece um tabuleiro de xadrez gigante, só que com peças humanas que confundem estratégia com ego inflado. A ironia é deliciosa: temos tecnologia para chegar a Marte, mas mal conseguimos conversar civilizadamente com o vizinho de bairro ou evitar que uma reunião internacional vire espetáculo de memes e tweets inflamados.
É quase poético, se você considerar poético que a humanidade seja especialista em transformar cada vitória em crise iminente. As redes sociais, claro, fazem a festa, amplificando cada drama, cada erro diplomático e cada crise ambiental, como se fosse entretenimento gratuito. E no final, o show é global, mas sem final feliz à vista.
Se quisermos sobreviver mais 100 anos, será preciso mais do que inteligência e tecnologia: precisaremos de senso de humor, ironia afiada e, talvez, uma pitada de sorte cósmica. Porque, sejamos sinceros, se continuarmos jogando xadrez com a Terra desse jeito, o xeque-mate nuclear será apenas questão de tempo.