A mulher que foi assassinada e teve partes do corpo deixadas em uma mala na rodoviária de Porto Alegre foi identificada como Brasília Costa, 65 anos. Conhecida como Bia, ela era natural de Arroio Grande, no sul do Estado, é a terceira de cinco irmãos e trabalhava como manicure.
Amiga de infância de Bia, a professora aposentada Clair Bonneau descreve a amiga como uma pessoa “meiga, carinhosa e educada”:
“Uma santa criatura que não merecia o fim que teve”, diz.
Clair afirma que ambas mantinham contato pelas redes sociais e que estranhou quando a amiga não respondeu uma mensagem de aniversário, mandada no último dia 3.
“Caiu nesse conto de fadas que às vezes acontece com a pessoa. Até por a gente ser de cidades menores, a gente tem mais confiança nas pessoas”, comenta Clair.
A professora aposentada conta que, quando viu as notícias descrevendo a vítima como manicure e natural de Arroio Grande, perdeu o sono achando que poderia ser a amiga.
“Ela queria viver sozinha, ter a liberdade dela”, diz irmão
Manoel Ferreira Telles, 73, irmão de Brasília, conta que sempre teve uma grande amizade com ela. O homem relata que convidou Brasília para morar com a família em Jaguarão, em abril, mas que ela recusou o convite:
“Ela disse: “Não vou ir porque tenho um amigo que está me ajudando, ele faz tudo para mim”, lembra Manoel, que completa:
“Ela queria viver sozinha, ter a liberdade dela e fazer as coisas que ela gosta.”
Manoel afirma que enviou uma mensagem no último dia 3, aniversário da vítima, e que teve resposta. Ele ficou sabendo da morte de Brasília por outro irmão no dia 4 de setembro:
“Eu fiquei sem palavras. Foi um choque que só foi cair a ficha no dia 5, quando falei de novo com ele. Aí sim, desabou o mundo”, conta o irmão.
“Eu não sabia nada disso, que ele havia matado a própria mãe e cimentado ela num armário, uma senhora idosa. Como que podia estar solto?”, questiona Manoel.
Segundo Raquel Costa, cunhada da vítima, Bia e Ricardo Jardim, 66, se conheceram em junho do ano passado, em um abrigo da Capital após as enchentes.
A cunhada lembra que eles terminaram o relacionamento em outubro de 2024, mas tinham reatado havia cerca de cinco meses. Além disso, tinham combinado de viajar para João Pessoa (PB).
Irmão de Bia, Hamilton Costa conta que estranhou a ausência dela no aniversário de um sobrinho, e que Ricardo seguia mandando mensagens para a família como se fosse Brasília.
Raquel relata que Bia nunca apresentou Ricardo à família. Ele teria dito que tinha problemas com a mãe e com os filhos. Em 2018, Jardim foi condenado por matar a própria mãe e concretar o corpo, crime ocorrido em 2015.
Câmeras mostram um homem deixando a mala no dia 20 de agosto no guarda-volumes da rodoviária de Porto Alegre. O objeto ficou no local por cerca de 12 dias, até ser aberto pela equipe do setor devido ao odor.
Planejamento e ocultação
O autor removeu as pontas dos dedos dos membros para dificultar a identificação e deixou a cabeça por último, estratégia que, segundo a polícia, visava retardar o reconhecimento da vítima.
Relacionamento e possível motivação
Segundo a investigação, o suspeito mantinha relacionamento com a vítima e tentou usar os cartões dela. Comprovantes de transações entre ambos foram encontrados. A motivação financeira é apurada.
Materiais apreendidos
Com o suspeito, os policiais apreenderam celulares e notebook. O material será periciado após pedidos judiciais de acesso aos dados.
Classificação do crime
A Polícia Civil trata o caso, neste momento, como feminicídio. Laudos complementares devem apontar a causa da morte quando forem reunidas todas as partes do corpo.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper
Fonte e foto: GZ