A Justiça decidiu que Gisele Beatriz Dias, de 43 anos, mãe das gêmeas Manuela e Antônia Pereira, de seis anos, será julgada por um júri popular pelas mortes das filhas, ocorridas com intervalo de oito dias em outubro de 2024, em Igrejinha, no Vale do Paranhana. A decisão é do juiz Diogo Bononi Freitas, da 1ª Vara Judicial da cidade, publicada no dia 4 de julho. Gisele está presa preventivamente na Penitenciária Feminina de Guaíba desde a fase inicial da investigação.
Segundo a acusação do Ministério Público, as crianças foram mortas por sufocamento. A defesa nega veementemente que a mãe tenha assassinado as filhas, sustenta que há nulidades no processo e já recorreu da decisão de pronúncia.
No despacho, o magistrado destacou haver “suporte probatório mínimo” para sustentar a tese acusatória e encaminhar o caso ao tribunal do júri. Foram mantidas as qualificadoras de feminicídio, meio cruel e recurso que dificultou a defesa das vítimas — as quais a defesa tentava afastar.
As mortes de Manuela e Antônia, inicialmente tratadas como naturais, tornaram-se objeto de investigação criminal após a segunda criança falecer, em 15 de outubro. O laudo do Instituto-Geral de Perícias (IGP) não conseguiu determinar a causa da morte de Antônia. Manuela havia falecido oito dias antes, com diagnóstico de hemorragia pulmonar. A polícia descartou envenenamento, mas manteve a tese de homicídio com base em outros indícios reunidos ao longo da apuração.
O inquérito conduzido pelo delegado Ivanir Caliari reuniu 25 testemunhas e apontou Gisele como a principal suspeita, com base em seu histórico emocional e no fato de ser a última pessoa a estar com as filhas. O policial alegou que a motivação do crime seria emocional: Gisele teria matado as filhas por não aceitar o afastamento do marido, Michel Persival Pereira, que havia começado a trabalhar fora e ameaçava romper o relacionamento.
Além de Caliari, prestaram depoimentos peritos, profissionais da saúde e pessoas próximas à família. O pai das gêmeas, que inicialmente seria ouvido, acabou dispensado como testemunha pela acusação. A ré exerceu o direito de permanecer em silêncio durante o interrogatório.
A defesa de Gisele, representada pelo advogado José Paulo Schneider, argumenta que o processo está repleto de irregularidades e que a Justiça impediu a realização de um exame de sanidade mental na acusada, apesar de indícios de instabilidade psicológica. Schneider também questiona a imparcialidade do juiz do caso, alegando “inimizade capital” entre defesa e magistrado, e acusa o processo de estar sendo conduzido com desequilíbrio entre acusação e defesa.
A data do julgamento pelo júri popular ainda não foi marcada e dependerá do esgotamento da fase recursal. Enquanto isso, Gisele segue presa preventivamente.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper