O ditador venezuelano Nicolás Maduro apareceu de farda militar nesta sexta-feira, 29/08, durante visita a tropas, em um gesto de enfrentamento à crescente pressão dos Estados Unidos. O movimento ocorreu no mesmo dia em que navios de guerra norte-americanos começaram a chegar ao sul do Caribe, próximo à costa da Venezuela.
Maduro afirmou que a mobilização representa a defesa da “paz e da soberania nacional” e acusou Washington de promover um cerco contra seu governo. “Hoje, posso dizer, depois de 20 dias seguidos de anúncios, ameaças, guerra psicológica, que estamos mais fortes do que ontem, mais preparados para defender a soberania e a integridade territorial”, declarou diante de militares.
Os EUA anunciaram o envio de cinco navios de guerra e cerca de 4 mil militares para a região, sob o argumento de realizar manobras contra o narcotráfico. A operação ocorre em paralelo ao aumento da recompensa pela captura de Maduro, agora fixada em US$ 50 milhões (cerca de R$ 271 milhões), sob a acusação de chefiar um cartel de drogas.
Em resposta, o chavista convocou uma nova jornada de alistamento da Milícia Bolivariana, composta por civis alinhados ao regime. Segundo o governo, a milícia já reúne 4,5 milhões de integrantes – número contestado por analistas. “Nem sanções, nem bloqueios, nem guerra psicológica, nem assédio. Não há como entrarem na Venezuela”, reforçou Maduro.
O presidente venezuelano também comemorou a cooperação militar com a Colômbia, após Gustavo Petro ordenar a militarização da região do Catatumbo com 25 mil soldados. “Nossa terra, vigiamos, preservamos e cuidamos nós, venezuelanos e colombianos, unidos pela paz e pela soberania”, afirmou.
Enquanto o governo aposta na narrativa de resistência, a oposição vê na movimentação dos EUA um enfraquecimento de Maduro. A líder opositora Maria Corina Machado voltou a pedir que os venezuelanos rejeitem o alistamento da milícia. “As praças vazias da Venezuela hoje anunciam o futuro que se aproxima”, escreveu nas redes sociais.
Apesar da tensão, analistas internacionais não veem possibilidade de uma invasão americana. Ainda assim, o tema tem dominado o debate político e social no país, acirrando o embate entre governo e oposição em meio à crise que se arrasta há mais de uma década.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper