A Lagoa da Mortandade, localizada na região sul do Brasil, carrega em seu nome um mistério profundo e histórias que se cruzam entre o imaginário popular e fatos históricos. A lagoa, situada a aproximadamente 35 km da sede, na localidade de Carajazinho, interior de Eugênio de Castro, no Rio Grande do Sul, é envolta em lendas que falam de corpos de pessoas que teriam morrido em combate, jogados em suas águas. De acordo com a tradição, esses acontecimentos teriam originado a crença de que a lagoa é assombrada. Acredita-se que animais evitam atravessá-la, temendo as águas, e que ninguém consegue dormir no entorno durante a noite. Além disso, fala-se de um sumidouro no centro da lagoa e de uma fauna aquática limitada, com poucos peixes conseguindo sobreviver.
Mas é em 1923 que a história se torna ainda mais interessante, com a participação do então coronel José Antônio Flores da Cunha, que mais tarde se tornaria general. Flores, um firme republicano, não era um militar de carreira, mas sua coragem e conduta lhe garantiram o título, concedido de forma honorífica. Em um cenário de tensões políticas e militares, ele se tornou uma figura central no confronto entre as forças governistas e os revoltosos, liderados por Honório Lemos.

Foi durante os confrontos em 1923, em uma das escaramuças próximas à Lagoa da Mortandade, que a história de Flores e Lemos se entrelaçou de forma dramática. Honório Lemos, temeroso das metralhadoras da Brigada Militar, se viu forçado a recuar em direção ao rio Piratini, após uma tentativa frustrada de enfrentamento com Flores. Em 1925, a situação culminou com a captura de Lemos, que ficou encurralado pelas águas de uma enchente do rio Santa Maria Chico e um banhado intransponível. Flores cercou-o, e após negociações, Lemos se rendeu, selando o fim de um conflito com um acordo que ficou marcado na história.
A história e a lenda da Lagoa da Mortandade continuam a fascinar aqueles que buscam entender os mistérios e os acontecimentos que marcaram essa região do Rio Grande do Sul. Embora a lenda fale de mortes e espíritos vagando, o verdadeiro peso histórico dos eventos de 1923, com figuras como Flores e Lemos, reforça o caráter dramático e transformador desse período de nossa história.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper
Fonte e foto: Portal das Missões