Em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira, 24 de julho, o general da reserva Mário Fernandes confirmou ser o autor do plano “Punhal Verde e Amarelo”, que previa o sequestro ou assassinato de autoridades, entre elas o ministro Alexandre de Moraes, o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva e o vice Geraldo Alckmin. No entanto, o militar alegou que o conteúdo “não passou de um pensamento digitalizado” e que “não foi compartilhado com ninguém”.
“Hoje eu me arrependo disso. Era apenas um pensamento de um militar”, declarou Fernandes, que ocupou o cargo de secretário-geral da Presidência durante o governo de Jair Bolsonaro. Ele admitiu ter impresso o plano para facilitar a leitura, mas afirmou que logo depois destruiu o documento: “Imprimi para não forçar a vista e logo depois rasguei. Não compartilhei com ninguém.”
A acusação apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) aponta que Fernandes assumiu a responsabilidade por ações de “monitoramento e neutralização de autoridades públicas”, atuando junto com Marcelo Costa Câmara, ex-assessor de Bolsonaro, além de manter interlocução com lideranças populares envolvidas nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.
Durante o depoimento, ao responder a perguntas do juiz auxiliar Rafael Henrique Janela Tamai Rocha, que atua no gabinete do ministro Alexandre de Moraes, o general também confirmou ter redigido uma minuta para a criação de um gabinete de crise. O texto, segundo ele, serviria como subsídio para o assessoramento do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) em caso de instabilidade institucional. A PGR afirma que o objetivo do documento era “estabelecer diretrizes estratégicas de segurança e administrativas para o gerenciamento da crise institucional”.
À época, o GSI era comandado pelo general Augusto Heleno, e o general Braga Netto, ex-ministro da Defesa, estaria cotado para assumir a coordenação geral do gabinete emergencial. Mário Fernandes atuaria na assessoria estratégica, enquanto a área de Relações Institucionais estaria sob responsabilidade de Filipe Martins.
O general da reserva também confirmou que esteve entre cinco e sete vezes em acampamentos montados em frente a quartéis após as eleições de 2022, onde manifestantes pediam intervenção militar. Segundo ele, os atos eram “uma festa cívica” composta por pessoas “humildes”. Ele negou ter exercido qualquer papel de liderança ou interlocução com os organizadores das manifestações, como aponta a PGR.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper