As recentes ondas de frio que atingem a Serra Gaúcha têm desempenhado um papel fundamental para o bom desenvolvimento das frutíferas cultivadas na região. Segundo o extensionista rural da Emater/RS-Ascar, Thompsson Didoné, as baixas temperaturas são indispensáveis nesta época do ano para o cumprimento do ciclo de dormência de culturas como uva, maçã, pera, pêssego e ameixa.
“As frutíferas caducifólias, que perdem suas folhas no inverno, entram em um estado de dormência com o frio. Esse processo é essencial para que, na primavera, haja uma boa brotação e, consequentemente, uma frutificação adequada”, explica Didoné. Ele destaca que cada variedade possui uma exigência diferente em relação ao número de horas de frio, geralmente contando com temperaturas inferiores a 7,2 °C – limite técnico utilizado em pesquisas para efeito fisiológico real nas plantas.
Na Serra Gaúcha, uma das principais regiões produtoras de uvas e maçãs do país, esse fator climático é decisivo para garantir a produtividade das lavouras. Cultivares precoces de uva, como Chardonnay e Pinot Noir, requerem menos horas de frio, enquanto variedades mais tardias, como Cabernet Sauvignon, demandam uma exposição maior ao frio para um desenvolvimento adequado. Com relação às maçãs, algumas variedades precisam de até 500 horas de frio durante o chamado período hibernal.
Além de favorecer a brotação e a frutificação, o frio também ajuda a controlar naturalmente doenças, pragas e plantas daninhas que afetam os pomares. “Esse frio que ocorre agora, entre junho e início de agosto, é o ideal. Estamos no momento certo para ele. Vem beneficiando as frutíferas caducifólias e, até o momento, não representa ameaça. Depois, quando começa a brotação, o frio pode se tornar prejudicial”, observa o técnico da Emater.
Quanto à citricultura, que também tem forte presença na Serra, Didoné tranquiliza os produtores. “Os citros, como a laranja e a bergamota, são mais sensíveis ao frio, mas normalmente são cultivados em áreas de microclima mais ameno, como nas margens do Rio das Antas, onde o risco de danos é bem menor”, conclui.
As condições climáticas atuais, portanto, são vistas como benéficas para o setor frutícola da região, que já se prepara para uma safra promissora, desde que o frio se mantenha no tempo e intensidade adequados.
Com informações: Jornalista Ferrnando Kopper