Na manhã da última sexta-feira (5), o fisiculturista cruz-altense Vilmar Rodrigues concedeu uma entrevista ao jornalista Fernando Kopper. Com uma trajetória marcada por disciplina, superação e amor pelo esporte, Vilmar trouxe à tona os bastidores do fisiculturismo, abordando temas como alimentação, treinos, uso de anabolizantes, riscos à saúde e os desafios de competir em alto nível aos 45 anos.
Durante a entrevista, Vilmar fez um resgate de sua história, revelando que treina há mais de 20 anos, mas começou a competir apenas nos últimos três. Com passagens por diversos campeonatos estaduais, o atleta cruz-altense já conquistou importantes colocações, como o 1º lugar na categoria sênior por peso e o 2º lugar na master por idade, ambas em competição realizada recentemente em Gramado.
Apaixonado por esportes desde jovem, Vilmar contou que foi na musculação que encontrou sua verdadeira vocação. “Sempre gostei de treinar, já era envolvido com atividades físicas, mas quando comecei a assistir vídeos de campeonatos, aquilo virou um sonho. Fisiculturismo é mais do que estética, é estudo, é disciplina. É saber ganhar massa, saber secar, saber comer certo”, explicou.
Segundo o atleta, um dos principais equívocos de quem está começando é acreditar que os resultados vêm de forma rápida e fácil. “A juventude de hoje quer tudo para ontem. Acha que treinar um mês já vai trazer resultado. Mas construção muscular exige tempo. São anos. Tu precisa de maturidade muscular, e isso só vem com consistência e dedicação. Não é só carregar peso, é saber como treinar e o que comer.”
Disciplina e privação
Vilmar também falou sobre os bastidores da vida de atleta e os sacrifícios que ela impõe. “Fisiculturismo é uma vida de privação. Tu precisa entender que se vai competir, vai ter que se regrar. Pesar comida todos os dias, treinar com foco nos teus pontos fracos, cuidar o sono, recusar festas, álcool. Tudo isso influencia no resultado final no palco. O árbitro não vai olhar o que tu tem de bom, ele vai procurar teus defeitos.”
A preparação para as competições exige foco total. Vilmar detalhou que sua rotina inclui uma divisão de treinos chamada “quatro por um” – quatro dias de treino intensivo seguidos por um de descanso controlado. “Não é largar tudo no dia de descanso. É saber descansar com consciência, sem exagerar em comida ou bebida. E se for comer besteira, tem que estar ciente do impacto.”
A alimentação como base
A conversa também mergulhou na importância da alimentação para o desenvolvimento físico. “As pessoas acham que comem certo, mas não pesam a comida, não sabem as calorias que consomem. Muitos dizem que não engordam, mas comem mal. É muita besteira, muito industrializado. O corpo precisa de comida limpa, balanceada, com as quantidades corretas”, reforçou.
Vilmar alertou ainda para o uso indiscriminado de suplementos e anabolizantes, especialmente entre jovens. “O pessoal acha que é só tomar bomba que vai ficar grande. Mas não entende que sem treino, sem dieta e sem anos de base, não funciona. E o pior: o anabolizante afeta a produção natural de testosterona e pode causar problemas cardíacos sérios. O músculo do coração cresce, a pessoa pode infartar. Tem gente de 20 anos tomando pré-treino com 400mg de cafeína sem nem saber como está o coração.”
Competições e próximos desafios
Sobre as competições, Vilmar explicou que as categorias são divididas por idade e peso, e que antes de subir no palco o atleta passa por uma pesagem oficial. “No meu caso, disputo até 90kg. Se passa disso, tem que perder peso em pouco tempo. Então a preparação é precisa. É um jogo de estratégia, treino, dieta e foco. E claro, precisa gostar, porque não é fácil.”
Ele já está se preparando para a próxima competição, marcada para novembro, em Porto Alegre, na PUC-RS. A expectativa é grande, pois o evento reunirá atletas de várias partes do Brasil na Copa dos Campeões, um dos torneios mais prestigiados da federação no estado.
Recado aos iniciantes
Para os jovens que estão começando na academia, Vilmar deixou um recado direto e sincero: “Treina direito. Aprende o básico. Coma bem. Não tem fórmula mágica. O pessoal me pergunta qual o segredo, e eu digo: o segredo é não parar. Não tem protocolo que funcione sem constância. Fisiculturismo não é só aparência, é saúde, é disciplina. Querem começar pela bomba, mas esquecem do treino, da alimentação, do descanso.”
Ao final da entrevista, o atleta agradeceu o apoio da comunidade, dos amigos e do treinador Mateus Souza, que o acompanha nas preparações. Ele também mencionou a importância de ter uma rede de apoio emocional e técnico, destacando a contribuição de colegas como André da Cuia, da Ânima Academia, e o incentivo dos alunos e seguidores.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper