As fábricas de calçados Azul Safira e LQ, localizadas em Chapada, no norte do Rio Grande do Sul, encerraram definitivamente suas atividades após quase 14 anos de operação. O último dia de funcionamento foi na sexta-feira (10), resultando na demissão de 135 funcionários e na devolução da área industrial à prefeitura do município, que tem cerca de 9,5 mil habitantes.
De acordo com representantes das empresas, o fechamento não está diretamente ligado ao recente “tarifaço de Trump”, mas sim às dificuldades acumuladas desde a pandemia. O setor calçadista vem enfrentando uma série de desafios, como aumento dos custos de produção, queda na demanda e mudanças climáticas que reduziram o consumo de botas femininas, um dos principais produtos fabricados pelas indústrias.
Antes da crise sanitária, a produção média diária era de 7,5 mil pares de calçados. Nos últimos meses, o volume caiu para 2,5 mil pares, uma retração de 66%. O número de empregados também diminuiu de 320 para 135, representando uma redução de 58% no quadro de pessoal. Com acionistas chineses, as empresas destinavam cerca de 80% das vendas ao estado de São Paulo, um dos maiores polos consumidores do país.
Com o encerramento das atividades, o prédio industrial de 5.790 metros quadrados será devolvido à prefeitura de Chapada, que pretende destinar o espaço a novos projetos ou buscar outras empresas interessadas em ocupar o local. O fechamento representa um duro golpe econômico para o município, que tinha nas fábricas uma de suas principais fontes de emprego e renda.
O episódio também reflete uma tendência preocupante no setor calçadista gaúcho, que sofre os efeitos de invernos mais curtos e amenos, além da redução do consumo interno. Muitas indústrias que dependiam das coleções de inverno enfrentam agora estoques elevados e margens menores de lucro.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper