Um estudo publicado na revista científica International Journal of Health Science aponta que a impulsividade característica do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) pode ocultar o verdadeiro potencial intelectual de quem convive com a condição.
O TDAH, um dos distúrbios neurocomportamentais mais prevalentes do mundo, afeta milhões de pessoas desde a infância até a vida adulta. Tradicionalmente identificado pela tríade de sintomas desatenção, hiperatividade e impulsividade, o transtorno reflete uma complexa disfunção nos circuitos cerebrais responsáveis pelo controle da atenção, planejamento e inibição de respostas, indo muito além das dificuldades de comportamento.
De acordo com a pesquisa, a impulsividade e déficits de memória de trabalho podem gerar uma subestimação da inteligência dos indivíduos com TDAH. Não se trata de ausência de capacidade intelectual, mas de uma dificuldade em expressar o potencial cognitivo devido à antecipação de respostas impulsivas e à limitação na manipulação de informações em tempo real.
Esse efeito faz com que o comportamento seja muitas vezes interpretado como desorganização ou baixa inteligência, quando na realidade se trata de um bloqueio no processamento neural. “A resposta chega antes da reflexão, e isso distorce a percepção sobre o verdadeiro desempenho intelectual”, afirmam os pesquisadores.
O estudo reforça que a inteligência não é um constructo fixo, mas sim o resultado da integração de múltiplas redes cerebrais. Nesse contexto, o TDAH deve ser compreendido como uma condição em que a expressão da inteligência é mais difícil de decifrar, mas não menos valiosa.
Os autores defendem uma mudança no olhar clínico e social sobre as pessoas com TDAH, com métodos de avaliação que considerem essa complexidade e intervenções que promovam o pleno desenvolvimento das capacidades cognitivas.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper
