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Enchentes dizimam 6 bilhões de abelhas no Rio Grande do Sul e ameaçam produção agrícola

As enchentes de maio exterminaram 6 bilhões de abelhas no Rio Grande do Sul, devastando a produção de mel e levantando preocupações sobre o impacto na polinização de futuras safras de grãos, frutas, hortaliças, legumes e oleaginosas.

“Vamos ter o estouro da boiada quando sentirmos falta dos polinizadores na produção agropecuária do nosso Estado”, alerta Patric Luderitz, presidente da Câmara Setorial da Apicultura da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) e vice-presidente da Federação Apícola do Rio Grande do Sul (Fargs).

As abelhas são responsáveis pela polinização de 73% das espécies vegetais cultivadas, diretamente ligadas à alimentação humana. A polinização aumenta a produção de soja em 13% e de canola entre 25% e 35%, conforme a Embrapa. A ausência de polinizadores pode reduzir drasticamente a quantidade e qualidade de frutos e sementes em pomares.

A Fargs estima que entre 60 a 100 mil colmeias foram destruídas, resultando na morte de até 6 bilhões de abelhas. A entidade propõe um plano de ação emergencial de reconstrução do setor, com custo estimado em R$ 5 milhões, e solicitou verbas ao governo estadual e ao Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa).

Luderitz ressalta a urgência de auxílio governamental para evitar impactos negativos na produção agrícola nas próximas safras. Ele adverte que, sem apoio, o Rio Grande do Sul enfrentará grandes problemas na apicultura, meliponicultura e produção de mel.

As enchentes, seguidas por um inverno rigoroso, com baixas temperaturas e dias nublados, agravaram a situação das abelhas, afetando drasticamente a alimentação em flores, árvores e matas ciliares. A Fargs, com apoio da Emater/RS-Ascar, quantificou os estragos, contabilizando oficialmente mais de 35 mil enxames perdidos. No entanto, o número real pode ser muito maior devido à falta de cadastro oficial de muitos produtores.

A entidade tem trabalhado para manter vivas as colmeias remanescentes. A Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) doou 47 toneladas de açúcar VHP para alimentar as abelhas. A Fargs também espera a doação de farinha de soja para complementar a alimentação energética com proteínas.

A Fargs desenvolveu um plano estratégico de recuperação da apicultura e meliponicultura gaúchas, com três etapas principais. A primeira envolve a construção de caixas para as abelhas no Parque Apícola Emílio Schenk, em Taquari, com a meta de produzir de 100 a 150 caixas por dia para doação aos produtores afetados. Além disso, a entidade planeja produzir cera alveolada e distribuir princesas e rainhas para o melhoramento genético dos enxames.

O objetivo é manter essa estrutura funcionando por três a quatro anos para levantar o setor. A Fargs argumenta que a remuneração pelo trabalho de polinização, como já ocorre em países como o Chile, é o caminho futuro para a sustentabilidade do setor.

A Fargs aguarda uma resposta do governo federal e destaca que os mais atingidos são pequenos e médios produtores, que dependiam da apicultura para subsistência e venda de mel.

Com informações: Jornalista Fernando Kopper

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