O cineasta e escritor cruz-altense Naican Escobar, de 25 anos, tornou-se uma das vozes mais fortes na defesa do curta-metragem como base para a renovação do cinema. Reconhecido internacionalmente e premiado em 2022 como Personalidade do Ano no Museu do Louvre, em Paris, o diretor gaúcho rejeita a ideia de que o formato seja apenas um degrau para longas. Para ele, o curta é a própria essência da sétima arte.
“O curta é o primeiro sopro de vida de um diretor. É nele que experimentamos e descobrimos a nossa voz”, afirma Escobar, formado em Direção de Cinema pela Academia Internacional de Cinema (AIC). O jovem defende o curta como um espaço de risco, intimidade e autenticidade, em contraste com o cinema de grandes estúdios.
Essa visão encontra eco na trajetória de nomes consagrados do cinema nacional, como Kleber Mendonça Filho, de Bacurau, e Jorge Furtado, de Ilha das Flores, que construíram parte de sua identidade criativa no formato. Para Escobar, que aborda frequentemente saúde mental e relações humanas em suas produções, os curtas abrem espaço para debates urgentes: “Questões como diversidade, saúde mental e desafios sociais provam que é possível fazer cinema de qualidade apenas com criatividade e coragem”.
Além do caráter experimental, o diretor enfatiza que o curta funciona como vitrine mundial, já que festivais nacionais e internacionais são portas de entrada para novos talentos se conectarem com público e crítica. “Um curta pode ser a porta de entrada para o mundo. É ali que os talentos se descobrem e se conectam”, ressalta.
Em tom quase militante, Naican Escobar vê cada curta como um ato de resistência. “Ele mantém o cinema humano, sensível e necessário”, diz. Para o jovem diretor, apoiar o curta-metragem significa fortalecer o futuro do audiovisual brasileiro e manter vivo o espírito criativo que renova a indústria cinematográfica.