O presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, anunciou nesta terça-feira (15), em Porto Alegre, a abertura de novos contratos de opção para aquisição de até 110 mil toneladas de arroz produzido no Rio Grande do Sul. A medida, segundo a estatal, é uma resposta direta ao apelo dos arrozeiros gaúchos, que vêm enfrentando desvalorização acentuada do grão nos últimos meses.
“Estamos com uma portaria interministerial circulando. Possivelmente, na semana que vem, esteja concluída e publicada. Vamos comprar 110 mil toneladas de arroz, por meio de contratos de opção de venda”, declarou Pretto.
A modalidade oferece ao produtor a segurança de um valor de venda previamente definido, com a liberdade de desistência caso o mercado se mostre mais vantajoso. Os preços fixados para os contratos variam conforme o mês de vencimento: R$ 73 por saca de 50 kg para agosto, R$ 73,48 para setembro e R$ 73,95 para outubro. Os valores representam cerca de 15% acima do preço mínimo atual, mas ainda ficam abaixo dos contratos ofertados em 2023, que chegaram a R$ 87,62 por saca.
Na comparação com o ano passado, Pretto reconheceu que o cenário é distinto. “Na época, o preço da saca estava em torno de R$ 110. Hoje, a média está um pouco acima de R$ 65”, afirmou. Ele destacou que a iniciativa visa ampliar o volume de aquisição e alcançar a meta de 500 mil toneladas em estoque público, como previsto anteriormente.
Apesar da iniciativa, o desânimo entre os produtores é evidente. Denis Dias Nunes, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), apontou que o país pode ultrapassar dois milhões de toneladas de arroz estocado, o que pode desestimular o plantio. “Nos sentimos desconfortáveis para pedir diminuição da área, mas a situação exige”, afirmou. Nunes também comentou a frustração dos agricultores em depender do apoio estatal: “Sentimos uma certa incapacidade de conseguir gerir nossas fazendas.”
A preocupação não se restringe ao mercado interno. A diretora executiva da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), Andressa Silva, demonstrou apreensão com a possibilidade de paralisação das exportações para os Estados Unidos, em razão da nova tarifa de 50% imposta pelo presidente norte-americano Donald Trump. “Os EUA são o terceiro maior importador de arroz beneficiado do Brasil. Levamos anos para consolidar essas exportações e poderemos perder esse mercado com facilidade”, alertou.
Ainda não foi definido como o governo federal realizará novas compras no futuro, mas a Conab mantém o objetivo de fortalecer os estoques públicos e garantir uma alternativa econômica aos produtores diante da crise de preços.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper