A fabricante de calçados Mulher Sofisticada, localizada em Três Coroas, na Região Metropolitana de Porto Alegre, encerrou oficialmente as atividades na manhã de segunda-feira (15) e deve ingressar nesta semana com pedido de autofalência. O anúncio foi confirmado pelo escritório MSC Advogados, responsável pelo processo judicial.
As dívidas acumuladas da empresa ultrapassam R$ 18,3 milhões. De acordo com o presidente do Sindicato dos Sapateiros de Três Coroas, Erni Rinker, a situação financeira da calçadista já vinha se deteriorando há anos. “Com o tarifaço, perderam alguns clientes importantes, o que agravou mais ainda a situação. Então o proprietário resolveu aderir à autofalência para não piorar ainda mais”, destacou.
As tarifas sobre importações, implementadas pelo governo dos Estados Unidos em agosto, sob comando do presidente Donald Trump, afetaram diretamente a competitividade da indústria brasileira de calçados, com os maiores impostos médios sobre produtos estrangeiros em mais de um século.
A Mulher Sofisticada contava com 77 funcionários, que serão desligados. As rescisões trabalhistas devem ocorrer nesta quarta-feira (17), com liberação do FGTS e acesso ao seguro-desemprego. Apesar do encerramento, o sindicato afirma que trabalhadores já estão sendo procurados por outras empresas do setor calçadista.
Histórico de dificuldades
Fundada em 2012, a Mulher Sofisticada chegou a produzir 3,7 mil pares de calçados femininos por dia para grandes marcas nacionais. Nos últimos dias antes da paralisação, a produção havia caído para cerca de 1,5 mil pares diários.
O escritório de advocacia responsável pelo processo detalhou os principais marcos que levaram à crise:
2018: um dos principais clientes deixou de efetuar pagamentos, dando início ao desequilíbrio financeiro;
2020: com a pandemia de Covid-19, a fábrica passou a operar com apenas 50% da capacidade;
2022: dois grandes clientes decretaram falência, deixando dívidas em aberto;
2024: as enchentes no Rio Grande do Sul afetaram diretamente a produção e ampliaram os prejuízos;
2025: o tarifaço imposto pelos Estados Unidos resultou na perda de clientes estratégicos, tornando insustentável a continuidade das operações.
O Sindicato dos Sapateiros e representantes da indústria local trabalham agora para apoiar os trabalhadores desligados e reduzir os impactos sociais da crise.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper
Fonte: G1