Mais de 300 candidatas ao Concurso Público do Corpo de Bombeiros Militar do Rio Grande do Sul (CBMRS) denunciaram irregularidades na aplicação do Teste de Aptidão Física (TAF) realizado em 15 de outubro, sob responsabilidade da Fundatec. Segundo relatos coletivos, a etapa apresentou mudanças no formato, condições desiguais e falhas técnicas, resultando em uma taxa de eliminação superior a 80% entre as mulheres.
De acordo com as denunciantes, o teste foi dividido em duas etapas, sendo que no exercício de simulação de resgate houve alterações em relação ao previsto no edital, incluindo mudança da posição do boneco de resgate, uso de equipamentos diferentes e cronometragem desigual. “Treinamos durante meses para a execução conforme as regras publicadas. No dia da aplicação, fomos surpreendidas com obstáculos adicionais, equipamentos diferentes e mudanças na posição do boneco. Foi um massacre físico e emocional”, afirmou Larissa Tonetto, porta-voz do grupo.
Além das alterações técnicas, as candidatas relataram condições externas adversas, como piso irregular, odor de tinta, presença de areia e espera de até cinco horas entre exercícios. Também apontam a ausência da Comissão Permanente de Acompanhamento de Fiscalização (Copafi) em parte da prova, prejudicando a fiscalização e segurança.
Segundo as denunciantes, houve desigualdade de tratamento por gênero: enquanto 1.852 homens foram distribuídos ao longo de vários dias, as 336 mulheres realizaram todas as provas no mesmo dia, criando uma situação de “teste experimental” e sem padronização. “As regras do jogo mudaram no meio da partida. Fomos as primeiras a realizar um exercício inédito no estado, sem padronização, onde os avaliadores não tinham sequer clareza sobre o que cobrar”, afirma Larissa.
As denúncias já foram encaminhadas a autoridades estaduais e parlamentares. Uma reunião com o comando do CBMRS e a Secretaria da Segurança Pública está marcada para 27 de outubro. As candidatas pedem revisão dos resultados e possível anulação do TAF, alegando violação dos princípios de legalidade e isonomia.
O sargento Jeferson França, vice-presidente da Associação dos Bombeiros Militares (Abergs), criticou a metodologia e destacou que a fase física já havia sido apontada como excessivamente pesada no lançamento do edital. França e as candidatas também questionam possível caráter misógino do processo seletivo, por convocar todas as mulheres no primeiro dia e submetê-las a falhas que não afetaram os homens.
O caso segue sob investigação interna do CBMRS e mobiliza candidatas e representantes de instituições para apurar as falhas técnicas e desigualdades do concurso.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper
Fonte e foto: Brasil de Fato/Katia Marko
