Ataques de cães a criações rurais seguem causando prejuízos significativos a produtores em diversas regiões do interior do Rio Grande do Sul. Um dos casos mais recentes foi registrado na comunidade de São João Batista, no interior de Passo Fundo, onde o produtor Gilberto Simor enfrenta uma sequência de ataques que já dura cerca de dois meses.
Na propriedade de Simor, mais de cem aves, entre galinhas e patos, e um cordeiro foram mortos por cães que aparecem esporadicamente, geralmente durante a noite. O prejuízo, segundo estimativas do agricultor, ultrapassa os R$ 3 mil.
“Não faço ideia de quem são os donos desses animais. Eles aparecem do nada e somem por dias. É comum o abandono de cães por aqui, principalmente os mais velhos. Também tem muito lixo espalhado”, relatou Simor, preocupado com a continuidade dos ataques.
A situação se agravou nos últimos dias com a presença de duas cadelas que, além de atacar os animais, estavam acompanhadas de dez filhotes cada uma. Com fome, esses cães têm como único instinto a sobrevivência, e encontram nas propriedades rurais uma fonte fácil de alimento.
Sem apoio efetivo do poder público, o produtor rural passou a alimentar parte dos cães abandonados na tentativa de reduzir os ataques, solução paliativa que, apesar de aliviar a situação, compromete ainda mais o orçamento da propriedade.
Casos semelhantes vêm sendo relatados em outras cidades gaúchas. Em Caseiros, na mesma região, o produtor Alessandro Muliterno afirma ter perdido 78 ovelhas desde o início do ano em decorrência de ataques de cães, o que representa um prejuízo de aproximadamente R$ 60 mil.
A Rede de Proteção Ambiental e Animal (Repraas), com sede em Teutônia, está organizando um levantamento estadual dos ataques e relatos de prejuízos. A intenção, segundo o diretor da entidade, Vladimir da Silva, é entregar o material a autoridades estaduais e federais, além de conscientizar os produtores.
“Muitos desses cães são de caça, que acabam se perdendo dos donos. Estamos orientando os produtores a instalarem placas que proíbam a caça e a entrada de cães em suas áreas. Mas, infelizmente, não existe um órgão com atuação direta para resolver esse problema. Os produtores estão abandonados”, afirmou Vladimir.
Além do relatório, a ONG também está elaborando uma cartilha de orientação voltada à proteção da ovinocultura.
A Polícia Civil, por meio da Delegacia de Repressão aos Crimes Rurais e Abigeato (Decrab), orienta que todos os casos sejam registrados formalmente através de boletins de ocorrência. Conforme a legislação vigente, os tutores dos animais envolvidos em ataques podem ser responsabilizados por omissão de cautela na guarda de animais, crime previsto na Lei de Contravenções Penais. Em casos mais graves, podem ser enquadrados por introdução de animais em propriedade alheia, dano ou até mesmo maus-tratos.
Enquanto isso, produtores como Simor e Muliterno seguem convivendo com o medo e o prejuízo, esperando que ações mais efetivas de controle e prevenção sejam implementadas para garantir a segurança das suas criações e a tranquilidade no campo.
Com informações: Jornalista fernando Kopper
Fonte: GZH