Por: João Victor Costa Dos Santos, Estudante de Arquitetura e Urbanismo e Ciência Política. Fundador e líder do grupo Barões da Restauração e mantenedor do site Brumas do Passado
E no dia 15 de Julho de 1889, Sua Majestade o Imperador Dom Pedro II sofre um atentado a tiros, momentos após sair de uma apresentação no Teatro Sant’Anna, no Rio de Janeiro.
O autor, o português de 20 anos Adriano Augusto do Valle, declaradamente republicano, foi absolvido em novembro de 1889, dias após o golpe republicano que derrubou a monarquia no Brasil.
Segue trecho retirado do jornal Gazeta de Notícias, do Rio de Janeiro, de 17 de Julho de 1889, que fala a respeito do ocorrido (o trecho seguirá a grafia original):
“O ATTENTADO
Quando ante-hontem Suas Magestades e Altezas se retiravam do teatro Santa Anna, onde haviam assistido ao espectaculo, ao transporem a porta do theatro para entrar para o carro, partiu do meio da multidão o grito:
— Viva o partido republicano!
Em resposta e como protesto, foram logo ouvidos vivas á monarchia e á familia Imperial, calorosamente correspondidos.
Este facto, como era natural, produziu logo grande agitação nas pessoas que sabiam do theatro, e immediatamente a familia imperial viu em volta de si um grande numero de senhoras e cavalheiros, cuja attitude era um protesto contra o desacato que acabava de ser praticado.
A Sua Magestade a Imperatriz e a Sua Alteza Imperial, que davam o braço a Sua Magestade o Imperador, disse este, para tranquilisal-as:
— Não se assustem.
Na rua, o piquete, que já estava montado para seguir atrás da carruagem, fez alguns movimentos, e Sua Magestade de dentro do theatro dizia que não fizessem nada, nem desembainhassem as espadas.
Mas, passado o incidente, tendo o Sr. 1° delegado Dr. Bernardino dado as providencias necessarias, Suas Magestades entraram para o carro, que seguiu para o Paço da Cidade.
Quando, porém, a carruagem em que iam Suas Magestades, passava em frente da Maison Moderne, de um grupo de individuos, que estavacionava junto a uma das portas d’aquelle estabelecimento, foi disparado um tiro de revólver.
Estabeleceu-se logo a maior confusão, e era grande a indignação das pessoas que presenciaram o facto. O Sr. 1° delegado, informado immediatamente da occurrencia, tratou da captura do criminoso, e com tal acerto procedeu, auxiliado pelos Srs. capitão Lyrlo e major Valladão, que ás 2 1/2 horas da madrugada prendeu o moço que lhe haviam indicado como tendo disparado o tiro, quando elle na rua de Gonçalves Dias entrava n’um bond da linha do Jardim Botanico.
A principio tentou resistir, mas afina foi conduzido para a policia, onde foi interrogado, bem como outras pessoas, que o reconheceram como auctor do attentado.”
Gazeta de Noticias, RJ. Edição 198, Anno XV de 17 de Julho de 1889
Se quiser acessar a edição do jornal, segue link: http://memoria.bn.gov.br/docreader/103730_02/15903