Após uma sessão que durou 22 horas, o Tribunal do Júri da Comarca de Porto Alegre absolveu, nesta quinta-feira (7), Maria Fernanda Corrêa Homrich e Roberto Petry Homrich, acusados de envolvimento no homicídio qualificado de Ilza Lima Duarte, de 77 anos, ocorrido em 2008. A decisão foi lida pela juíza Eveline Radaelli Buffon, titular do 1º Juizado da 2ª Vara do Júri da Capital.
Durante o julgamento, nove testemunhas de defesa foram ouvidas, além dos próprios réus. O Ministério Público, responsável pela acusação, recomendou a absolvição por falta de provas que ligassem diretamente o casal ao crime. A defesa também sustentou a inocência de Maria Fernanda e Roberto, afirmando que não houve participação de ambos no assassinato.
A acusação original apontava o casal como mandante da morte de Ilza, com o objetivo de ficar com parte dos bens da vítima. Amigos íntimos da idosa, os Homrich foram nomeados herdeiros em testamento modificado por Ilza em 2005. Segundo a defesa, o documento refletia gratidão pela convivência familiar e foi renunciado posteriormente pelo casal.
Ilza foi encontrada morta em seu apartamento, no centro de Porto Alegre, com uma xícara de café na mão, em fevereiro de 2008. O caso, inicialmente tratado como morte natural, passou a ser investigado como homicídio após desconfiança de amigas da vítima.
Durante as investigações, o Ministério Público concluiu que cinco pessoas estiveram envolvidas na morte. Três já foram julgadas em 2019, incluindo Pablo Miguel Scher, auxiliar de serviços gerais no prédio, que foi condenado a 19 anos e seis meses de prisão por executar o crime. Outros dois acusados foram absolvidos.
O casal Homrich foi apontado como beneficiário de cinco imóveis pertencentes à vítima. A denúncia dizia que a cena do crime foi montada com um café da manhã simulado e o local, limpo para evitar rastros. No entanto, o Conselho de Sentença não considerou as provas suficientes para a condenação.
Em nota divulgada na véspera do julgamento, o advogado de defesa Jader Marques afirmou que a acusação era “infundada” e que os réus sempre trataram a vítima com carinho e assistência. A defesa reiterou que o vínculo entre Ilza e os Homrich era afetivo e familiar.
A aposentada Ilza Lima Duarte era conhecida por sua atuação em projetos sociais ligados à Igreja Anglicana. Sem filhos e morando sozinha, acumulou patrimônio ao longo de sua vida profissional como secretária em escolas e consultórios médicos.
Com a absolvição dos últimos acusados, o processo criminal envolvendo a morte de Ilza se encerra após mais de 15 anos.
Com informações: Jornalista Fernando Kopper