Por: Fernando Kopper – jornalista
Falar de ego virou moda, mas sempre para demonizá-lo. Em tempos de autossabotagem disfarçada de “humildade”, muita gente esquece que o ego não é apenas um gerador de arrogância ou vaidade. Pelo contrário: ele pode ser o que te impediu de aceitar menos do que você merece, o que te fez levantar depois de uma queda, ou até o que te deu coragem de dizer “não” quando todo mundo esperava um “sim”.
O ego, na essência, é a consciência que temos de nós mesmos. Ele é responsável por construir nossa identidade, nossos limites, nosso senso de valor. Sem ele, seríamos apenas massa maleável, vivendo para agradar os outros, e muitos já vivem assim, justamente por ignorar ou reprimir seu ego.
Claro, existe o ego inflado, destrutivo, que mascara inseguranças e se impõe com prepotência. Mas também existe o ego saudável, aquele que protege a autoestima, que traça fronteiras, que sustenta a dignidade. É esse ego que muita gente tem vergonha de cultivar, como se valorizar a si mesmo fosse um pecado moderno.
Quantas vezes você se afastou de pessoas ou situações tóxicas porque algo dentro de você disse: “Você merece mais”? Pois bem, esse algo é o ego. Quando bem ajustado, ele não precisa gritar, humilhar ou competir. Ele apenas sabe o seu lugar, e não aceita ser colocado abaixo dele.
A grande verdade é que muita gente critica o ego dos outros por não conseguir lidar com o próprio. Fala de “egocentrismo” enquanto sufoca os próprios desejos. Confunde autoestima com soberba, e autocuidado com egoísmo. É mais fácil apontar o dedo para quem se banca do que assumir que você também deveria se bancar.
Por isso, antes de tentar “matar o ego”, tente entendê-lo. Talvez ele não seja o inimigo. Talvez ele seja só a parte de você que está cansada de ser ignorada.