A “Pornografia do Advogado”: Quando a Vaidade Fala Mais Alto que o Direito
Por: Internauta anônimo (recebido via WhatsApp)
Vivemos tempos em que quase tudo é exposto nas redes sociais. Fotos, opiniões, conquistas pessoais e até momentos íntimos viraram conteúdo. Com os profissionais do Direito não tem sido diferente. Cada vez mais vemos advogados se promovendo nas redes como verdadeiras celebridades: vídeos com julgamentos, “stories” com vitórias, frases de efeito, selfies com processos nas mãos e, claro, muito espetáculo.
Esse fenômeno, que muitos já chamam de “pornografia da advocacia”, nada mais é do que o exagero na exposição da imagem do advogado, muitas vezes em detrimento da seriedade que a profissão exige. A expressão é forte, mas necessária: representa a transformação da atuação jurídica em uma espécie de exibição vulgar, onde tudo é mostrado, divulgado e dramatizado — mesmo o que deveria ser sigiloso, discreto e técnico.
Advocacia não é palco
Ser advogado é um dos ofícios mais nobres de uma sociedade democrática. Cabe a ele defender direitos, promover justiça e atuar com ética, responsabilidade e compromisso. A Constituição Federal reconhece a importância da advocacia ao declarar, no artigo 133, que o advogado é indispensável à administração da Justiça.
Mas quando o advogado passa a usar o processo, o cliente e até decisões judiciais como meios para autopromoção pessoal, algo está errado. A vaidade passa a ocupar o lugar da causa. O marketing se sobrepõe à missão. E o risco é que, nessa inversão, o cliente vire apenas figurante no “show do advogado”.
Redes sociais: aliadas ou armadilhas?
É claro que divulgar o trabalho é importante. A advocacia moderna exige comunicação, presença digital e linguagem acessível. Mas tudo tem limite. O Código de Ética da OAB, por exemplo, permite a publicidade comedida, informativa e discreta. O que não se pode é usar das dores alheias, de processos em andamento ou de humilhações públicas para ganhar curtidas ou seguidores.
A credibilidade de um bom advogado não vem de vídeos editados, frases prontas ou poses ensaiadas. Vem do estudo, da dedicação silenciosa, do respeito ao cliente e da atuação firme, ainda que fora dos holofotes.
O que realmente importa
A sociedade precisa de advogados que inspirem confiança, e não de “personagens” de rede social. O Direito é uma ciência séria, que lida com a vida real de pessoas, suas famílias, seu sustento, sua liberdade. Reduzir essa responsabilidade a um palco de vaidades digitais enfraquece a profissão, desrespeita o cliente e pode até violar o sigilo profissional.
O advogado de verdade não se mede por curtidas, mas por ética. Não se exibe, se posiciona. Não atua para aparecer, mas para servir à Justiça.
Conclusão
Mais do que nunca, é hora de resgatar a essência da advocacia: ética, responsabilidade e compromisso com o outro. Mostrar o que se faz é legítimo. Exibir-se à custa do cliente, não. A “pornografia da advocacia” serve apenas ao ego. Mas o Direito — esse sim — deve servir à sociedade.