POR: JOÃO VICTOR C. DOS SANTOS, ESTUDANTE DE CIÊNCIA POLÍTICA E HISTÓRIA. FUNDADOR E LÍDER DO GRUPO BARÕES DA RESTAURAÇÃO. MANTENEDOR DO SITE BRUMAS DO PASSADO.
“O povo assistiu àquilo bestializados, atônitos, surpresos, sem conhecer o que significava” (trecho de artigo de Aristides Lobo, 1889).
Enquanto a América Espanhola era um caos de repúblicas tirânicas de sucessivos golpes e conflitos civis sangrentos, o Brasil era uma Monarquia Constitucional, com instituições sólidas e com respeito à organização de Estado e de Poderes. Tínhamos tudo para ser uma das nações mais prósperas e desenvolvidas do hemisfério ocidental. Até sermos arrancados de nossas raízes em 15 de novembro de 1889.
Interesses escusos de republicanos e alguns outros, todos impregnados com o positivismo, começaram a orquestrar uma forma de derrubar a monarquia no Brasil. No entanto, a ideia da república era impopular entre a população. Raramente republicanos eram eleitos, e sua força de discurso se reduziu ainda mais quando ocorreu a abolição da escravidão. A única forma de tomar o poder seria através de um golpe militar, o que acabou ocorrendo.
Através de armadilhas e fofocas, convenceram o herói da Guerra do Paraguai, Deodoro da Fonseca, a realizar a derrubada que, inicialmente, o próprio Deodoro acreditava que seria apenas a destituição do gabinete do Presidente de Conselho de Ministros da época, o Visconde de Ouro Preto.
A queda da monarquia só seria concretizada por conta de mais uma mentira, sobre a hipotética nomeação do gaúcho Silveira Martins – antigo rival de Deodoro por conta de uma disputa perdida de uma pretendente – como Presidente do Conselho, o que Deodoro considerou inaceitável. Por conta destes atos de enganação e insensatez, que cometemos aquele que considero o maior erro de nossa história independente: o fim da monarquia e a instauração da república.
Sob o hino nacional da França, com uma bandeira que imitava a bandeira dos Estados Unidos, era proclamada a república – sem apoio popular e sem símbolos genuinamente nacionais. A família imperial foi expulsa durante a madrugada do dia seguinte, para evitar que o povo soubesse do golpe que estava sendo feito. E Dom Pedro II, querendo evitar o derramamento de sangue, aceitou honrosamente a determinação. Benjamin Constant, ainda no dia 15, falaria que o povo seria consultado a respeito da troca de sistema de governo em momento oportuno. Tal consulta só seria realizada mais de um século depois, em abril de 1993. Pode-se dizer que vivemos 103 anos de um governo provisório e ilegítimo.
Qual foi o resultado deste golpe: fim da estabilidade institucional, ocorrência de conflitos civis e militares, inflação descontrolada, a destruição de arquivos históricos e documentos de registro importantíssimos, além da ignorância criada na população por nossos símbolos originais e personalidades importantes. Andamos nas ruas, passamos pelas estátuas, e não reconhecemos quem são os grandes homens e mulheres que são homenageados.
O 15 de Novembro não significa nada de especialmente honroso. É um dia de vergonha, de luto, de abandono de 4 séculos de legado e identidade, para ficarmos com um país praticamente falido institucionalmente, com sucessivos golpes, e com a iminência (quando não estamos vivendo em si) de conflitos civis internos.
A monarquia não era perfeita, até porque não existe sistema de governo perfeito. Ela tinha suas falhas, mas acredito que elas seriam ajustadas organicamente, como de fato ocorreu ao longo do reinado de Dom Pedro II. Mas, por conta de boatos impulsionados por poucos maliciosos ou ingênuos, fomos impedidos de viver realmente no Império do Brasil.
Que possamos refletir sobre este dia e reconhecer e admirar nosso passado monárquico que, eu João, acredito que ainda será nosso futuro.
_“O Brasil é império, será república e depois será império novamente”. (Eçá de Queiroz)_
